Bom clima organizacional e programa de formação continuada são
benefícios intangíveis
Brasil Econômico
Você já ouviu falar em “salário emocional”? É tudo aquilo oferecido
pela empresa e pelo gestor aos funcionários, mas que não pode ser contabilizado
financeiramente.
É o ambiente de trabalho, a disposição dos superiores em ensinar
seus subordinados, bem como de entender os momentos conturbados de suas vidas,
a capacidade do gestor em desenvolver seus funcionários enquanto profissionais.
“Oferecer salário emocional
é primordial hoje em dia, principalmente porque os bens produzidos são tratados
como commodities, ou seja, não há distinção entre os produtos, e o diferencial
será o serviço prestado. Isso eleva a empregabilidade e a autoestima
profissional”, destaca Eliana Dutra, coach e sócia-diretora da empresa de
coaching e treinamento Pro-Fit.
Para ela, a ausência de salário emocional não significa que o
gestor não exerce bem sua função. Ele pode estar atento ao momento em que o
funcionário merece aumento salarial, prover recursos financeiros para o
cumprimento da função e até mesmo entregar resultados satisfatórios. Mas ele
pode não perceber questões emocionais. “Se o ambiente de trabalho for
amedrontador, pode ser que o funcionário entregue menos do que poderia
entregar, uma vez que não se sente estimulado a ir além. Ou seja, ela faz
exatamente o que esperam que ela faça”, completa.
Muitas vezes, o comportamento do gestor é estimulado pelos
superiores. Ou seja, inicia no presidente, que passa o exemplo ao vice, que por
sua vez, passa aos diretores e assim sucessivamente. “É um comportamento em
cascata. Logo, o recepcionista estará tratando mal os clientes. É necessário
uma preparação desse líder para que ele possa perceber a real importância do
salário emocional e como o mesmo pode auxiliá-lo a obter os melhores resultados
de sua equipe”, afirma Eliana.
Eva Pontes, coach e diretora da Phoenix Coach, lembra que o tema
motivação profissional está sempre presente, em todas as esferas. “O que
sabemos é que, para tarefas rotineiras, recompensa financeira ajuda a aumentar
a produtividade do funcionário. Porém, sempre que é exigido pensamento
criativo, o que mais conta é maestria, autonomia e propósito. O funcionário
precisa ver propósito no que está fazendo para sentir-se estimulado a buscar
mais”, acredita.
Além disso, o coaching financeiro Homero Reis, sugere aos
empregadores que deem tarefas que agreguem algo aos seus funcionários,
mantenham um bom clima organizacional, ofereça um programa de formação
continuada, bem como uma carreira estruturada e um mix de benefícios
proporcionais ao nível da pessoa dentro da organização. “Esse modelo é adotado
por organizações com filosofia moderna de gestão de pessoas. Mas representa
apenas 10% da população empresarial brasileira. São exceções”, diz.
Para os gestores que identificaram essa ineficiência e querem mudar
de postura, não espere uma fórmula mágica. É preciso buscar a resposta em si e
avaliar a qualidade dos relacionamentos. “Se ele não parar e pensar a questão e
colocar o status em primeiro lugar, é possível que também ignore os
relacionamentos pessoais”, afirma diz Eva.
Reis vai além. “Contrate um coaching para ajudá-lo nessa tarefa e
busque entender as necessidades de seus colaboradores. Personifique os
benefícios corporativos, sempre de acordo com o sistema oferecido pela
companhia”, sugere.
Outro lado
A analista de mídias sociais Priscilla Franco exercia um cargo de
chefia em uma empresa em Nova Friburgo, a 125 quilômetros da cidade do Rio de
Janeiro. “Trabalhava a poucos minutos da minha residência, tinha um salário
satisfatório, mas queria aprimorar meus conhecimentos acadêmicos. Contudo, a
empresa para qual trabalhava não flexibilizou meu horário, o que me fez buscar
uma nova colocação profissional”, lembra.
Priscilla mudou-se para a capital fluminense para ocupar uma
posição abaixo da que ocupava no emprego anterior. Ela, inclusive, recusou uma
proposta de emprego ainda em Nova Friburgo, na qual receberia 30% mais, porque
não poderia estudar. “Se tivesse apoio para estudar lá, teria ficado”, diz,
ressaltando que no atual emprego, além de poder estudar, participará de
palestras incentivadas pela empresa.
Mas nem tudo sai como o planejado. “Um ponto negativo é que deixei
meu marido em Nova Friburgo. Volto para lá todos os finais de semana. Também
levo mais de uma hora para chegar ao emprego novo, o que é bastante cansativo”,
completa a analista.
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