segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Silêncio organizacional

O silêncio organizacional é um dos maiores riscos para a reputação de uma empresa. Uma empresa calada, muitas vezes, é uma empresa apática. Uma organização onde as pessoas não se importam com o que fazem ou que acham que não vale a pena manifestar as suas opiniões, sugestões, inquietações e reclamações porque simplesmente não serão ouvidas. 

“Se não vale a pena falar, melhor ficar calado” é a maior razão para o silêncio, e não o medo de ser punido caso fale algo indesejado, segundo diversos estudos internacionais.

E pior: o silêncio atinge a todos, independente de gênero ou cargo. 
Uma pesquisa publicada pela Harvard Business Review Brasil, de junho de 2010, não descobriu diferenças estatísticas entre trabalhadores de sexo, grau de instrução ou nível de renda no que tange à probabilidade de calar por medo ou por achar que falar não servirá de nada. Quase a metade dos 439 entrevistados diz o que pensa em certas ocasiões, mas também guarda para si a própria opinião quando acha que não tem nada a ganhar – ou tem algo a perder – por dizer o que realmente sente. Um quarto deles nunca abre o jogo sobre problemas rotineiros e oportunidades de aprimoramento porque seria perda de tempo. E apenas 20% não abre o jogo por medo das consequências.

A bibliografia aponta que o silêncio organizacional acontece quando os gestores não aceitam ou não reagem bem a feedbacks negativos, quando os gestores acham que sabem de tudo e quando a tomada de decisões é muito centralizada. O silêncio organizacional pode impactar na tomada de decisões, na mudança de processos, no alinhamento estratégico e, no final da cadeia, no que a empresa oferece à sociedade.

Sendo assim, o silêncio tem muito a nos falar. Quem cala nem sempre consente. O silêncio é a ponta do iceberg para vários problemas que podem destruir a reputação de uma empresa da noite para o dia. Ouso arriscar, inclusive, que vivenciamos recentemente um grande exemplo de silêncio organizacional que levou à quebra de um império que nascia no Brasil: as empresas X.

Não pague para ver o mesmo acontecer na empresa em que você trabalha. Desarme-se de preconceitos e abra-se ao diálogo com todos os seus públicos, principalmente com o seu público interno. Ninguém conhece melhor a empresa, seus defeitos e virtudes, do que quem lida com ela todos os dias.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Conhecimento à venda

Quais os conhecimentos que você possui? Quem se interessaria em ouvir o que você tem a dizer? Quanto vale o que você sabe a cerca de um determinado tema? As respostas para essas perguntas podem ser a chave para o sucesso profissional. A economia online é muito mais complexa e merece uma atenção especial pelas suas especificidades.

Mas quando desvendadas, é possível reduzir o tempo dedicado ao trabalho, proporcionando a mesma renda familiar. E a solução é simples: empacotar e vender conhecimento. Partindo do princípio que você estudou, se aprimorou em torno de alguma área, conclui-se que o dinheiro está acumulado em você. Ou seja, essas informações possuem grande valor e devem ser repassadas as pessoas que precisam delas. Atualmente, vivemos em uma sociedade que busca respostas o tempo inteiro por meio de conhecimentos compartilhados nas mídias digitais. Isso explica, inclusive, a quantidade de negócios que giram em torno dos blogs. Dicas e sugestões nunca valeram tanto dinheiro como na era da informação.

Nesse contexto, anúncio gera relacionamento e não venda direta como muitas pessoas creem. O trajeto funciona assim: a pessoa vê o anúncio, clica e é direcionada para uma página onde contém uma prévia sobre o que é o produto. Interessados fazem o cadastro e passam a receber diariamente conteúdos sobre aquele determinado tema. Depois de um período, que pode ser cinco dias ou mais, é enviado um link de compra que acompanha um vídeo explicativo que irão apoiar a questão: porque pagar pelo produto? Quando a venda é concluída, entrega-se um link com login e senha que dará acesso ao material completo. Como o processo inteiro é feito por envios de e-mails, a atuação é prática e ágil, assim como o alcance dos resultados. Entretanto, exige muita dedicação.

O primeiro passo é aprender o vocabulário desse novo negócio que é o empreendedorismo digital. Essa concepção muda totalmente a economia quando se diminui o risco e aumenta-se o retorno, uma nova maneira de entender e conceituar a riqueza, levando em consideração que o dinheiro chegará até você de forma automática.

Sempre haverá pessoas clicando. Segundo uma pesquisa do IBOPE Media, o número de pessoas com acesso à internet no Brasil chegou a 105,1 milhões no segundo trimestre de 2013. O PNAD mostra, ainda, que o aumento no número de internautas foi verificado em todas as faixas etárias. Com base nesses dados, existem milhões de pessoas no espaço digital para serem atraídas para o seu negócio.

Com números e estatísticas reforçando o potencial desse mercado, a minha sugestão é estar atento as demandas, buscar cursos que te apoiem nesse sentido com dicas, orientações e, claro, o mais importante, técnicas, que é essencial para se estruturar e te ajudar a ganhar dinheiro fazendo o que você sabe fazer e, melhor, o que te dá prazer em fazer. Aliás, antes de tudo isso, identifique o que você quer; entregue sempre mais; acredite nas suas ideias; pratique o exercício de ouvir; estipule metas; seja objetivo e focado. Comece pequeno, pense grande e caminhe depressa. Assim os resultados irão te surpreender. Eu garanto!

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Medir é fundamental!

Quando o crescimento desacelera ou eventos ocorrem interferindo no ritmo econômico do país, as empresas debruçam-se sobre seus custos com a missão de enxugar, ao máximo, suas estruturas internas e externas, na busca de uma maior eficiência operacional. É justamente nesse momento que a qualidade do management, que se torna explícita por meio das escolhas efetuadas – faz a diferença, porque diferenciam custo de investimento.

Os estudos produzidos com base em pesquisas contribuem para que as equipes gerenciais estabeleçam parâmetros objetivos para a projeção de novas metas, na medida em que saber a variação entre uma medida e outra, sempre analisadas em função da qualidade e quantidade de investimentos realizados, é condição para projetar a velocidade e a dimensão que a empresa poderá alcançar no futuro. Os resultados obtidos permitem, portanto, gerenciar de forma planejada e com foco absoluto nos resultados.

Instrumento por excelência para o conhecimento do consumidor, a pesquisa produz um tipo de resultado que não se pode desprezar. Os fatores de decisão da compra - estudados continuamente pelos profissionais da área – sempre incluem elementos explicativos das escolhas efetuadas pelos consumidores. E, aqui, a pesquisa de opinião e a de mercado se encontram, quando o peso da imagem da marca como fator decisivo nas compras de serviços ou produtos efetuadas pelos consumidores é colocada em evidência.

O empresário encontra na pesquisa a forte aliada, que chega, inclusive, a desafiá-lo quando a lógica dos fatos contraria a dos desejos empresariais.

É investimento, portanto. E vale muito. Não se pode considerá-la como custo e substituí-la pelo “achismo”.

Temos que continuar a medir, estabelecer parâmetros claros, trabalhar com indicadores e índices, principalmente quando os custos precisam ser apertados.

Por essa razão, a pesquisa, em seus diferentes gêneros e áreas - mercado, opinião e imagem - é um dos investimentos que merecem ser ampliados ou, ao menos, preservados em função do suporte que traz para o gerenciamento eficaz. Trata-se da única abordagem capaz de medir, efetivamente, os resultados das ações empreendidas na medida em que relaciona os resultados com as metas originalmente estabelecidas, deixando claro o acerto – ou o erro - das decisões sobre as somas investidas e ações empreendidas. 

quarta-feira, 23 de julho de 2014

"Tsunami de meias-verdades"

Há mais ou menos um século, em uma Viena tão ou mais cosmopolita do que qualquer uma das novas cidadelas virtuais, são Freud tentava explicar um fenômeno que já incomodava muita gente: o esquartejamento do homem contemporâneo entre duas forças antagônicas, o corpo e o outro.

Chamadas na época de id e superego, essas demandas ganharam dezenas de nomes ao longo das décadas, mas não perderam importância. Ao contrário, à medida que a superconexão das redes concatena boa parte dos ambientes de interação, cresce a pressão social para um comportamento mais pragmático, funcional, onipresente, onisciente, onipotente e disponível.

Não é mais permitido a um indivíduo razoavelmente integrado estar desconectado ou alheio aos fatos, ignorante de acontecimentos, incapaz de realizar uma tarefa.

O acesso móvel propiciado por tablets e smartphones e o conhecimento instantâneo disponibilizado nos vídeos no YouTube e nos verbetes da Wikipédia acabaram com a época do "não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe". Hoje todos são compelidos a saber, opinar, compartilhar, blogar e retuitar, mesmo que não façam a mais pálida ideia do assunto abordado.

A angústia perante a impossibilidade da empreitada é natural. A ignorância, antes considerada uma bênção, foi transformada em maldição, obrigando a todos que nasçam prontos, especialistas. O resultado, previsível, é um enorme conflito entre demandas e capacidades, obrigando cada indivíduo a empacotar a informação que recebe o mais rápido possível e transmiti-la para grupos cada vez maiores de pessoas que fazem o mesmo, em um tsunami de meias-verdades, preconceitos, informações rasas e citações fora de contexto.

Por mais que entusiastas de mídias sociais classifiquem essa prática como uma formação de opinião mais democrática, inovadora e aberta, a realidade a transforma em um tipo vicioso de fofoca, terreno fértil para todo tipo de boataria, casa de doidos em que todos falam para ninguém escutar.

Na velocidade e na pressão das redes de compartilhamento, a informação gratuita perde seu valor. Sem tempo, foco ou referências de qualidade, não há como estabelecer uma reflexão sólida. O resultado é uma espécie de histeria coletiva, combustível social à espera do primeiro estopim que a incendeie.

A história mostra vários momentos cuja energia foi inversamente proporcional à razão. Por mais que tivessem potencial construtivo, a maioria foi aniquilada ou acabou em regimes totalitários.

Dicionários e enciclopédias foram feitos para serem consultados, não decorados. Quando a opinião de especialistas é trocada pela voz coletiva das ruas, corre-se o risco de ignorar os fatos para perpetuar mitos e falsas verdades. Não há revista científica que comprove os malefícios do leite com manga, mas todos ouvimos essa história "em algum lugar" parecido com o Google.

A única saída possível para preservar a sanidade está em desenvolver o espírito crítico. Isso não demanda atitudes reacionárias, mas uma seleção da informação recebida, da relevância de sua fonte e, acima de tudo, se cabe a você tomar alguma atitude com relação a ela ou se é mais saudável ignorá-la. 

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Liderança analógica

Em sua lista das dez principais tendências de tecnologia para 2014, a IDC, uma das principais consultorias do mundo na área, indica que 80% das empresas que lidam com consumidores terão de integrar seus sistemas de informação a redes sociais abertas, como Facebook e Twitter.

Bancos de todo o mundo estudam como transformar smartphones em meios de pagamento que substituam os cartões e o dinheiro de papel, o chamado mobile banking. Esses são exemplos de como o mundo digital está entrando nas empresas e transformando os negócios.

Como consequência, compreender os hábitos digitais de consumidores e vislumbrar as oportunidades de criação de produtos e serviços que as novas tecnologias trazem são habilidades esperadas de profissionais. Quem é capaz de sugerir inovações se destaca no mercado.

As empresas entenderam isso, mas sofrem com um problema: muitas mantêm no topo líderes analógicos, distantes da realidade digital e incapazes de detectar o valor das ideias de suas equipes. Uma pesquisa da firma de recrutamento de executivos Russell Reynolds com 300 empresas e 3 000 presidentes e executivos mostrou que apenas 18 companhias tinham diretorias altamente digitais.

O mesmo estudo mostrou que 210 empresas não tinham ninguém na cúpula com ligação com o mundo tecnológico. “A informação está redesenhando as empresas, e quem não se transforma fica para trás”, diz Javier Zamora, professor da Iese Business School­ de Navarra, na Espanha.

A situação no Brasil é semelhante. Embora existam exemplos de ações digitais muito bem-sucedidas, boa parte das empresas convive com uma diretoria pouco familiarizada com as novas tecnologias. São times que foram montados levando em conta as competências em outras áreas. Conhecimento digital não costumava ser um critério de escolha.

No dia a dia, é complicado atuar ao lado de um chefe que tem dificuldade de entender novos modelos de negócio, baseados em alta conexão, mobilidade e respostas rápidas ao consumidor. A cena comum é o momento em que funcionários e diretores, ao redor da mesa de reuniões, duelam para entender as propostas ousadas.

Os funcionários notam que o gestor não domina o vocabulário digital, ainda que ande de smartphone nas mãos para cima e para baixo. O chefe mostra-se temeroso em relação a mudanças nos negócios e incapaz de aproveitar oportunidades. Os projetos vão sendo abandonados e seus autores acabam frustrados.

A questão é como se apresentar diante de um chefe resistente às mudanças digitais. Um ponto de partida é desenvolver a habilidade de entender a personalidade de seu chefe e a cultura da empresa.

“Saber ler o ambiente é uma competência que vai ser importante para toda a trajetória profissional. Você deve reconhecer se o líder está disposto a ouvir suas sugestões”, afirma Halina Matos, da Cia de Talentos, empresa especializada em recrutamento e seleção de trainees, de São Paulo.

“A abordagem do diálogo precisa ser respeitosa acima de tudo. Bons líderes são antes de tudo pragmáticos. Se o funcionário apresentar casos e resultados positivos de experiências semelhantes, dificilmente o diretor vai ignorar a proposta”, diz Pedro Waengartner, coordenador de marketing digital da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo.

O trabalho não é um mundo perfeito. Quando deparar com um líder analógico, lembre-se de que lidar com diversidade é outra competência valorizada nas empresas, justamente por situações assim.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Espelho da Copa

Definitivamente, a energia do esporte reinou soberana quando a bola começou a rolar nos gramados. Partidas decididas aos 46 minutos do segundo tempo, viradas espetaculares de placar, explosões de alegria, de desespero, de profunda tristeza dos jogadores, tudo isso nos mobilizou, nos magnetizou. Que coisa boa ligar a TV e o rádio e ter um jogo de alto nível, nem que fosse para ser degustado só por alguns minutos.

A força e a energia do esporte se apresentaram, na Copa do Brasil, com uma vibração muito especial, já garantindo um caráter único ao Mundial da FIFA realizado aqui no nosso país. Os números de médias elevadas de gols e de público nos estádios compravam isso.
Fora de campo, a hospitalidade dos brasileiros e o espírito de confraternização tomaram conta das ruas. 

Recebemos gente do mundo inteiro e, especialmente, os nossos hermanos, de braços abertos. Os gringos se incorporaram definitivamente à nossa paisagem, muitos passaram até a se interessar por atrações mais características dos moradores locais. E compartilharam toda essa experiência pelo mundo, via Facebook, Instagram & Cia. Ganhamos, assim,  uma onda de visibilidade global positiva gerada por milhares de turistas e até mesmo de jogadores de outros países, a partir de suas próprias vivências por aqui. No nosso monitoramento digital, por exemplo, acompanhamos o alemão Podolski elogiando a beleza das praias do Rio e da Bahia e o meia francês Pogba exaltando a timbalada no Pelourinho, em Salvador, e a arquitetura de Brasília.  

Não se pode, portanto, tirar esse brilho da Copa do Mundo que o Brasil realizou.  

Que esses aspectos positivos contribuam para impulsionar, especialmente, as indústrias do turismo e de eventos, cujas cadeias produtivas a elas associadas geram impactos importantes na economia, com impactos significativos na  qualificação e geração de empregos e na economia criativa.

Ainda assim, não podemos varrer para debaixo do tapete os investimentos em mobilidade urbana que ficaram pelo caminho, os atrasos e sobrepreços na construção dos estádios e a sombra que já começa a pairar sobre a utilização futura _ ou melhor, já a partir de agora _ de várias das enormes e caríssimas arenas erguidas pelo País. Nem mesmo o fato de a Copa não ter sido utilizada para resolvermos, de vez, a triste rotina da violência das torcidas, que, infelizmente, deverão voltar à cena nos nossos campeonatos de futebol.

Uma onda de imagem positiva, portanto, não garante uma reputação consolidada.

Reputação, a gente adquire com o tempo, a partir do que faz e não só do que fala, da coerência entre o que faz e o que fala e mostrando que fez o que havia se comprometido a fazer. O Brasil precisa e merece isso. 

Outra lição, essa das mais emblemáticas, é que futebol é equipe, não talentos individuais. Talentos são vitais, podem decidir jogos. Mas como num país, o que decide a qualidade da partida ou da vida é a soma do conjunto. Sem conjunto, não há estabilidade, não há segurança, não há êxito. Isso porque não há cultura de participação, mas de individualidade. Muitas novas lições estão a caminho. Mas, desde já, uma narrativa que vem nascendo nos estádios: o campeão voltou. Diz respeito, ao futebol. Mas poderia muito bem ser adaptada à sociedade brasileira. E por que não, a confiança no futuro voltou? Passada a Copa, a própria história irá falar mais alto. E com ressonância. Será a vez das urnas falarem. Da consciência de que o futuro se faz no presente.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Tribos urbanas

A peça Tribos encenada pelo Antonio Fagundes e seu filho Bruno conta uma interessante história que se baseia numa família totalmente disfuncional, com pessoas problemáticas e com conflitos emocionais muito maiores que a limitação física de audição do Billy, personagem do  Bruno Fagundes, que é surdo. O pai é um crítico acadêmico sarcástico, de humor ácido, que aproveita todas as oportunidades para subjugar os filhos e a esposa. A mãe é uma mulher ausente, aspirante à escritora, que se omite em grande parte das questões de sua família. A irmã é uma “cantora” frustrada, que não consegue chegar lá, insegura e frágil. O irmão mais novo é superprotetor, se esconde atrás das drogas e trabalha numa tese sobre linguagem e significado. Billy, o primogênito surdo, é, teoricamente, o foco de atenção de todos. Ele desenvolveu sua linguagem oral e aprendeu a fazer leitura labial, convivendo de modo “quase” satisfatório, com um baita esforço, nessa família que grita e praticamente “fala sozinha” o tempo todo. Billy se ressente porque sabe que teve que se esforçar e se adaptar ao modo de ser e de se comunicar de sua família. Ele, deficiente auditivo, aprendeu a comunicação oral apesar de todas as suas dificuldades. Os outros, apesar de ouvintes e falantes “normais”, não se ouvem, não se respeitam, não consideram a opinião uns dos outros... E confundem Billy o tempo todo! Apesar de ser super mais sensato que sua família, ele teve que se adaptar para se aproximar, para não ficar isolado. Teve que forçosamente fazer parte da “Tribo” para interagir com eles! Com a chegada de sua namorada, filha de deficientes auditivos e que está ficando surda também, ele teve acesso à linguagem de sinais. E teve, mais uma vez, que aprender uma nova forma de comunicação, para interagir agora com a namorada! Aprendeu para se comunicar com ela... E resolveu impor essa aprendizagem, na verdade, essa generosidade, à sua família, como condição para que continuassem a se comunicar e a se entender! É claro que essa primeira exigência por parte de Billy causou grande estranhamento, até rejeição. Mas foi a forma que ele encontrou para se impor e se fazer respeitar.

Então, podemos refletir sobre como a nossa sociedade isola as pessoas que são diferentes. A deficiência aqui demonstrada pode ser facilmente substituída por qualquer outra minoria! Um dos princípios da comunicação nos mostra que, para que haja entendimento, é fundamental que as pessoas utilizem o mesmo código. Claro, o código oral é o mais utilizado no mundo! Mas não é o único ou a única possibilidade de entendimento. Quando surge algum tipo de dificuldade, é muito saudável que nos permitamos olhar e ouvir de modo diferente, que busquemos nos abrir para outras possibilidades, que passemos a considerar, também, a forma de ver do outro! Se isso não é levado em conta, a falta de comunicação pode produzir isolamento. Pode impedir que as pessoas se entendam! 

Aqui, muito além das questões de código, também cabe a nossa boa vontade em lidar com outros pressupostos, com outros pontos de vista, com outras formas de julgamento, já que nossos valores e crenças são diferentes. E a diversidade é tão positiva e traz tantas contribuições quando nos dispomos a considerar! Muito além do código, deve haver a vontade de ouvir e de entender o outro. Deve haver a intenção de nos fazermos entender! E é só a partir dessa disponibilidade, dessa generosidade genuína de se expor e de compreender o outro, de acolher, que a comunicação cumpre a sua função primordial: APROXIMAR. Sempre, de qualquer modo que seja, com ou sem qualquer tipo de deficiência.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Ouvir basta para escutar?

Não, não basta. Há 11 anos a R&A usa metodologias de diagnóstico que partem do ouvir. Costumamos dizer que escutar é a nossa forma de planejar com mais eficiência. No entanto, muitas vezes, os diagnósticos que trazem uma escuta profunda dos stakeholders não conseguem chegar aos níveis superiores das organizações.

Existem sempre os inovadores nas áreas de Comunicação ou RH. Ousam. Conseguem contratar uma pesquisa de “escuta profunda”, mas não conseguem tempo e disponibilidade emocional da liderança para efetivamente escutar os resultados. Por quê? Porque às vezes passam-se três anos, o gestor que contratou a pesquisa já foi para outra organização atrás de seus sonhos e o outro contratado “descobre” a pesquisa perdida num computador e nos telefona porque percebeu que ali estão os mesmos problemas que vem sentindo na organização.

Sempre penso que os executivos não querem ouvir os diagnósticos porque na maioria das vezes eles não referendam as maravilhas disseminadas pelo marketing da empresa. Às vezes por vaidade, às vezes por medo de não conseguir mais manter o castelo de cartas. 

Na última Conferência do ETHOS, Oscar Motomura abriu mais uma possibilidade de interpretação dessa resistência: o medo de mudar. Ouvir com profundidade pode, de acordo com ele, suscitar a pergunta: “E se, de repente, o outro me convence? Pra que ouvir?”.

Não estamos em tempos de “marketear” o certo que fazemos. Frente aos desafios atuais, a busca de novo equilíbrio econômico, justiça social e respeito a todos os seres vivos é muito complexa. Estamos longe, muito longe de fazer a coisa certa. Nas nossas próprias atitudes e, mais ainda, com nossas empresas, governos e organizações.

Estamos em um tempo da comunicação de fazer menos banners, jornaizinhos ou publicidade e mais e mais comunicação face a face. Ouvir, escutar e permitir que potências humanas adormecidas possam encontrar oportunidades de plena realização. Nas empresas, nos governos, nas ONGs, nos presídios, nas comunidades.

É tempo de ouvir, refletir... e não ter medo de mudar.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Abundância de informação X Escassez de atenção

Você já parou pra pensar no que faz do Facebook uma empresa tão influente hoje? A resposta não está necessariamente nos resultados financeiros, ou na capacidade de inovação da equipe de Mark Zuckerberg, e sim em uma estatística simples: 1.4 bilhão de usuários passam em média, mais de 15 horas por mês conectados ao Facebook! Na prática, isso significa que o Facebook tem acesso a um dos recursos mais escassos do planeta Terra na atualidade: a atenção de muita, muita gente.

O economista Herbert Simon (1916-2001) foi o primeiro a descrever o fenômeno da economia da atenção, ainda sem esse nome, na década de 1970: "A riqueza de informação cria pobreza de atenção, e com ela a necessidade de alocar a atenção de maneira eficiente em meio à abundância de fontes de informação disponíveis". 

Se a abundância de mensagens competindo por nossa atenção não é algo novo, por outro lado ela nunca foi tão facilmente perceptível quanto hoje - e não estamos falando apenas de campanhas publicitárias, dessas que parecem nos perseguir onde quer que estejamos. 

Estamos falando também no volume de telefonemas e e-mails que recebemos, nos posts e notificações enviados pelas mídias sociais que frequentamos, nas solicitações automáticas dos aparelhos e aplicativos que usamos, nos painéis eletrônicos nos elevadores e nas ruas, etc. Cada gota desse oceano representa uma tentativa de nos "impactar", de nos estimular a esta ou aquela ação.

Recentemente, ouvindo o noticiário matinal em uma grande emissora nacional de rádio, me arrisquei a anotar a quantidade de mensagens publicitárias que as marcas tentaram me empurrar em 45 minutos de trajeto entre a minha casa e o escritório, acreditem, foram mais de 52 propagandas, entre anúncios, patrocínios, promoções, informes publicitários, etc.  Ao chegar no escritório, foram mais algumas dezenas de anúncios em portais, sites de conteúdo e até dentro do e-mail. 

Saturados pelo volume de estímulos a que somos expostos, somos forçados a lidar permanentemente com a escolha entre quais mensagens ignorar - ou não. Passamos a "premiar" as mensagens e agentes que melhor atendam ao nosso contexto (momento, necessidades e expectativas), por mais efêmero e imperceptível que este seja. 

E é esta, 40 anos depois, exatamente a questão que se coloca para as empresas. Um cenário de abundância de informação e escassez de atenção cria oportunidades para que pessoas e organizações atuem como "filtros", identificando e traduzindo o que há de relevante para seus públicos. Essa é, aliás, uma forma de agregar valor à marca da empresa.

Diante desse cenário, os gestores de marketing e comunicação estão na berlinda e cada vez mais buscam alternativas para atrair a atenção de seus públicos-alvo, de consumidores à investidores. 

Mas existe luz no final do túnel. Uma das tendências do momento é a adoção de plataformas de inteligência de comunicação que, a partir da captura, análise e cruzamento do conteúdo de Big Data – mídias sociais, imprensa e publicidade – permitem tomadas de decisão mais rápidas e inteligentes, baseadas no comportamento do consumidor e na correlação com indicadores de negócio. E aí, com base nessas análises, ofereceremos ao público exatamente aquilo que ele busca, e que de alguma maneira possa agregar valor à nossa marca. Na verdade, é exatamente isso que a comunidade de comunicação e marketing deveria estar fazendo desde sempre.

Estamos falando de uma nova tendência em comunicação, totalmente inbound (orientada pelos interesses do público), ao contrário de tudo que fizemos ao longo do século XX, totalmente outbound (orientado pelo interesse e pelas ofertas das empresas). Antes tarde do que nunca. Rei morto (o império da propaganda), rei posto (o império do público).

terça-feira, 10 de junho de 2014

A vida segue

Chamamos nossa agência de assessoria de imprensa para uma conversa. Decidimos interromper nosso contrato durante a Copa, afinal, no país do futebol, é só sobre isso que as pessoas estarão dispostas a falar. A resposta foi simples e óbvia: as editorias de negócios continuarão atrás de pautas para preencher seus espaços. A vida segue.

Aliás, que a vida segue, já ensinava minha avó. Mas, para aprender, não basta entender a teoria. É preciso parar para refletir e observar que, de todas as questões de vida ou morte pelas quais passamos, apenas uma ou outra talvez tenha sido, verdadeiramente, de vida ou morte. A maioria foi só uma questão passageira.

A Copa do Mundo irá passar e, enquanto ela estiver instalada por aqui, a vida irá seguir seu curso. As pessoas continuarão trabalhando e comprando os produtos e serviços que as empresas irão vender nesse período. E, justamente porque os muitos feriados e toda a distração causada pelos jogos devem trazer uma complexidade a mais para essa dinâmica, precisaremos de atenção redobrada, sob o risco de perda de foco.

Quem trabalha em comunicação pode olhar, portanto, o evento como um problema ou como uma oportunidade.

É um problema quando tira o foco das pessoas sobre o trabalho, mas é uma oportunidade para relembrar o propósito da organização e sua importância para o desenvolvimento do Brasil. Porque a Copa irá passar e a empresa irá ficar.

É um problema quando provoca na população um sentimento dúbio de orgulho por sediar o acontecimento futebolístico mais importante do planeta e de revolta pela forma visivelmente amadora como o País se preparou para sediá-lo, mas é uma oportunidade para conversar sobre o mundo imperfeito em que vivemos e os convites de evolução que surgem quando nos damos conta de que nós também fazemos parte e ajudamos a construir essa imperfeição. Porque a Copa irá passar e um país melhor a construir irá ficar.

É um problema quando observamos os ânimos à flor da pele, o nível de tolerância cada vez menor, a impaciência se transformando em revolta, o debate pela verdade única tomando conta das conversas, mas é uma oportunidade para ajudar as pessoas a se reconectarem e se encontrarem em torno de uma causa maior, um espaço onde as diferenças não nos separam, mas nos complementam, porque, sim, todos queremos um país e um mundo melhores – só discordamos sobre os caminhos, e escutar o outro em um diálogo aberto é a única maneira de criarmos juntos soluções melhores para todos. Porque a Copa irá passar e nós iremos ficar.

Quando a Copa se for, podemos nos tornar ainda mais separados, intolerantes, impacientes, cegos pelas nossas certezas e enclausurados por nossas visões limitadas de mundo, ou mais unidos e animados pela busca do bem comum, se aproveitarmos toda a energia que um evento dessa magnitude nos oferece para olharmos para nós mesmos e percebermos que todas as emoções que a Copa nos provoca não têm nada a ver com a Copa, mas com nós mesmos, com nossas próprias crenças e valores. Porque a vida segue, e pode seguir melhor quando a gente reconhece no outro não um inimigo ou um adversário, mas um presente de valor incalculável, pois, como escreveu Margaret Wheatley, “quando nos abrimos para diferenças que nos pareciam perturbadoras, descobrimos que as interpretações que os outros têm do mundo são essenciais à nossa sobrevivência”.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Brainstorming

Nem sempre uma empresa que conta com profissionais capacitados tem ao seu alcance uma equipe criativa, que faça o diferencial em relação à concorrência e apresente ideias que agreguem valor ao negócio. No entanto, essa situação pode ser revertida caso a organização proponha-se a adotar recursos que estimulem o surgimento de ambientes propícios à criatividade. Uma das ferramentas que se são utilizadas no ambiente organizacional é o Brainstorming, que traduzido para o português pode ser compreendido como "tempestade de ideias". 
Confira abaixo alguns dos benefícios gerados por essa ferramenta.

1 - O Brainstorming estimula a interação, uma vez que as pessoas saem de um possível isolamento e têm a oportunidade de interagir com os demais integrantes da equipe.

2 - Permite que o capital humano libere a imaginação e, a partir desse momento, apresente sugestões e ideias que ficaram "engavetadas". Muitas vezes, isso ocorre porque as pessoas não tiveram oportunidade de apresentar suas propostas em virtude do modelo de gestão adotado pela empresa, timidez ou receio de receberem um feedback "negativo".

3 - O sentimento de valorização surge naturalmente, porque os colaboradores passam a entender que a organização preocupa-se em ouvi-los. A motivação acentua-se mais quando a ideia apresentada é instituída e resulta em valores diferenciados para a empresa como um todo.

4 - Gera-se possibilidade para resolução de problemas evidenciados na companhia. Como os profissionais conhecem a cultura e a realidade da empresa, as chances de apresentarem propostas coerentes e viáveis são acentuadas.

5 - Melhoria do clima, pois o Brainstorming convida a equipe a atuar de forma inovadora e os laços entre os participantes estreitam-se durante a "tempestade de ideias".

6 - A comunicação entre as pessoas evolui, porque o receio das pessoas de terem suas ideias rejeitadas é vencido gradualmente. A pressão, tão constante no dia a dia das empresas, perde força.

7 - O relacionamento entre líder-equipe é fortalecido, pois o gestor passa a ouvir os membros de sua equipe. Essa relação melhora ainda mais quando a presença do diálogo ganha abertura entre os diferentes níveis hierárquicos.

8 - O desempenho dos profissionais pode apresentar melhorias, visto que o Brainstorming estimula que cada pessoa envolvida no processo dê o melhor de si.

9 - Quando se evidencia melhoria no desempenho dos profissionais, isso é sinal que eles desenvolveram novas competências tanto técnicas quanto comportamentais. A criatividade é um convite à busca pelo desenvolvimento e quando isso ocorre, ganha a empresa e os colaboradores.

10 - Superação de limites. Ao trabalharem em conjunto e somarem conhecimentos os profissionais passam a ver os desafios como oportunidade de crescimento e aprendem a lidar com situações de desafio.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Mulheres no comando

As mulheres já ocupam grande número de cargos de liderança e chefia em muitas empresas brasileiras. É claro que essa conquista se deve aos altos investimentos em cursos de capacitação, em pós-graduações, MBAs, fluência em outros idiomas, etc. Mas, sem dúvida, o desenvolvimento de habilidades que uma boa comunicação propicia, auxiliaram muito para o alcance desses resultados.

Mulheres geralmente se comunicam de modo mais paciente e cuidadoso. Demonstram uma atenção maior para com seus interlocutores, buscam se fazer entender e tendem a se certificar de que foram compreendidas. Essas características favorecem um maior alcance de seus objetivos na empresa, já que permite mais clareza e assertividade no contato com seus subordinados, seus superiores e seus pares. As mensagens são transmitidas de modo mais claro e, consequentemente, são melhor obedecidas. Ao se comunicarem de modo mais cuidadoso, as mulheres tendem a demonstrar maior atenção com o outro; como a comunicação é um processo dinâmico, o interlocutor reage mostrando-se mais motivado, interessado em colaborar, o que acaba gerando mais resultados.

Uma pesquisa realizada por Zenger e Folkman, publicada no livro “A study in leadership: women do it better than men”, em 2012, analisou as avaliações 360 graus de liderança e eficácia de 7.280 executivos, feitas por seus pares, chefes e subordinados. A análise revelou que as mulheres tiveram classificação superior à dos homens em todos os níveis de gestão. Demonstrou, também, que quanto mais alto o nível, maior a diferença. Elas foram julgadas superiores nas áreas em que tradicionalmente se sobressaem, como desenvolvimento de pessoas e construção de relacionamentos, mas também em doze dos dezesseis pontos identificados pelos autores como os mais importantes para a eficácia da liderança.

Ao refletirmos sobre cada um desses pontos, é imediata a associação à competência comunicativa, seja na emissão de sinais que constroem a percepção, seja na atitude que conduz à relação com o outro: tomar a iniciativa, praticar o autodesenvolvimento, exibir alta integridade e honestidade, conduzir a resultados, desenvolver outras pessoas, inspirar e motivar outras pessoas, construir relacionamentos, colaboração e trabalho em equipe, estabelecer metas desafiadoras, liderar mudanças, resolver problemas e analisar questões, comunicar-se com autoridade de forma produtiva, ligar o grupo ao mundo exterior. Se você observar cada um desses itens, é evidente a participação de uma boa comunicação para o estabelecimento de cada um deles. Porém, a mesma pesquisa constatou que quanto maior o nível do cargo nas empresas, maior é a proporção de homens que os ocupam! É no mínimo curioso... Como diz a sabedoria popular, às vezes “o remédio pode ser o veneno”! Há mulheres, infelizmente, que apesar de bem sucedidas, inteligentes e capazes, apresentam baixa autoestima, sentem-se inseguras, desconfortáveis e pouco merecedoras de uma maior remuneração, de um cargo de maior destaque, de um papel de líder. Essas, sem dúvida, refletem esses sentimentos em sua comunicação, com uma fala hesitante, repleta de pausas fora de contexto, mal articulada, às vezes com a voz trêmula, tentando afirmar algo, mas sem convicção, como se estivesse interrogando, como se buscasse aprovação.

A boa comunicação se desenvolve a partir da construção de uma pessoa equilibrada e sensível, segura e motivada, corajosa e disposta a enfrentar desafios. Portanto, homens e mulheres devem se instrumentalizar tecnicamente, ter boa cultura geral, mas principalmente também se dedicarem a serem pessoas plenas e felizes. Dessa forma, a comunicação será o espelho desse estado interno, e sem dúvida o gênero passará a ser algo absolutamente secundário para a realização pessoal e profissional. Dedique-se a isso! Vale a pena. 

terça-feira, 20 de maio de 2014

Ser ou não ser, eis a questão!

A famosa frase "Ser ou não ser, eis a questão" provida da peça A tragédia de Hamlet escrita por Willian Shakespeare, mundialmente conhecida, até hoje inspira vários escritores, atores e filósofos na busca da sua identidade.

"Ser ou não ser" é um dilema enfrentado por muitos jovens da atualidade. A escolha da profissão certa causa assombros e dúvidas frequentes que acabam gerando certa insegurança na hora de decidir qual carreira trilhar. Desde a infância somos questionados pelos adultos com a seguinte pergunta: "O que você vai ser quando crescer?". Geralmente respondemos, baseado no exemplo de nossos pais: "Eu quero ser um advogado, igual ao meu pai!" ou "Quero ser uma médica, igual à minha mãe!". Isso tem a ver com o fato de que quando criança não possuirmos outra referência de profissão a não ser aquelas dos nossos pais, tios e demais parentes próximos.

Porém a descoberta pela vocação profissional depende exclusivamente de cada um. É na fase da adolescência, quando terminamos os estudos do Ensino Médio, que formamos nossa personalidade e decidimos, sem influência da infância, o que queremos ser realmente.

Ser professor ou não ser. Ser um médico talvez ou ser um astronauta, isso depende da nossa vocação. Existem instituições que realizam testes de aptidões para sabermos quais as áreas que temos mais afinidades. Existem pessoas que se identificam com os resultados dos testes, outras nem tanto. E é por isso que devemos escolher a profissão certa, uma vez que é nela que vamos dedicar anos de estudos, trabalhos, seminários e avaliações.

Saber o que você quer ser ou não quer ser - a chamada indecisão - é absolutamente normal, E quem nunca ficou indeciso na vida? Diante de tantas dúvidas, deixo aqui quatro dicas úteis e que podem ajudar na escolha da melhor profissão e até mesmo pela trocar de uma nova trajetória na carreira, um novo recomeço.

Busque o máximo de informações sobre a profissão desejada

Antes de escolher qualquer profissão, procure saber o máximo sobre ela, ou seja, o que ela pode trazer de vantagens e desvantagens. Descubra se é a profissão do momento ou do futuro, se há um grande campo de trabalho ou se há excesso desse profissional no mercado, quais suas chances de ser bem remunerado futuramente e, por último, se essa profissão tem a ver com seu perfil. Para ajudá-lo nessa pesquisa uma ferramenta muito eficiente é a Internet, onde encontramos milhares de estudos e pesquisas úteis.

Procure conversar e trocar ideias com pessoas que já estejam trabalhando na área que você escolheu

Depois de pesquisar tudo sobre a profissão, procure um profissional e converse sobre o seu dia a dia. Pergunte o que ele faz, como é sua rotina, se ele gosta da profissão que escolheu, enfim faça perguntas que dissolvam todas as suas dúvidas, pois é muito importante saber tudo o que envolve a profissão escolhida e para melhor decidir sua carreira coloque na balança os pós e os contras.

Se preciso faça uma visita ou pesquisa de campo

Ir até o local de trabalho do profissional e observar seu serviço em tempo real é uma excelente ferramenta. Por isso, visite escritórios, clínicas, indústrias, ou seja, o local que você optou por trabalhar futuramente. Isso o ajudará a ter uma noção de como será o ambiente de trabalho voltado à sua área.

Caso ainda tenha dúvidas sobre opção da sua profissão, escolha aquela que o deixe plenamente realizado.

Mesmo não sendo uma profissão reconhecida no mercado, mesmo que não haja um curso específico ou uma formação superior para a carreira escolhida, dedique-se. Se escolher ser uma empregada doméstica, um jardineiro, um tapeceiro ou até mesmo um vendedor ambulante faça sua escolha com amor e doe o melhor de si, afinal todas as profissões são dignas de respeito.

E se você já está cursando uma faculdade, mas tem dúvidas, pare e pense se é isso que você realmente quer, não desperdice seu precioso tempo e dinheiro investindo em algo que não te satisfaça. Qual é o problema em largar o quinto ano da faculdade de Direito para fazer a tão sonhada faculdade de Veterinária? É o seu sonho, é o que você esperou desde sempre? Então vá lá e faça! São suas escolhas que te tornarão um profissional de sucesso!

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Empresas X Emoções

“Quais as emoções que a sua empresa sente?” é uma pergunta totalmente fora dos padrões corporativos, não é mesmo? Quantas vezes você já ouviu alguém preocupado com os sentimentos e os afetos nas relações humanas da organização onde você trabalha? Poucas, provavelmente. Talvez, nenhuma única vez. 

A boa nova é que essa realidade pode estar mudando. Se as áreas de RH, com seus psicólogos e suas assistentes sociais, não deram conta de cuidar dos sentimentos das pessoas, algumas empresas já estão oferecendo serviços de apoio, por telefone, para empregados com depressão, tristeza crônica, desmotivação. Trata-se de um canal onde o empregado pode falar sobre seus problemas e sentimentos sem se identificar, apenas para “desabafar”. Uma abertura para ser ouvido, para poder falar um pouco de si – como numa terapia, digamos assim.

Se em tudo que fazemos e pensamos existe a influência de nossos sentimentos, vivemos o momento ideal para cuidarmos deles dentro das empresas. Empresas como organismos vivos, feitas pela força de trabalho e de vontade das pessoas que nela convivem, devem perceber que sentimentos individuais influenciam ambientes coletivos, mudam o clima organizacional, interferem nas metas e impactam na saúde e na segurança.

Nossos sentimentos nos tornam humanos e nossas emoções simplesmente surgem, muitas vezes sem controle. Geralmente durante feedbacks ou mesmo nas reuniões. Muitas vezes os sentimentos se exaltam nas rodas de café, escapulindo com mais nitidez na famosa “rádio corredor”. 

A fofoca é uma maneira de amenizar sentimentos represados, contidos. Válvula de escape para expressar com mais liberdade um comentário, certamente impactado por alguma emoção. Isso é natural.

É claro que uma empresa tem objetivos e metas racionais, traçadas com lógica, cálculo e frieza diante de um mercado competitivo, balizado pelos resultados quantitativos ou invés de qualitativos. Por isso mesmo, é necessário saber cuidar dos sentimentos humanos. Equilibrar razão e emoção. Saber abrir canais de escuta, de fala, de diálogo dentro das organizações. Nossas metas são racionais, mas somos seres emocionais.

Muitos problemas e muitas crises poderiam ser resolvidos através desse tipo de política de saúde interna: o cuidar dos sentimentos. Problemas como assédios morais, assédios sexuais, racismo e homofobia, por exemplo.

Portanto, vamos falar sobre nossas emoções? Talvez já tenha passado da hora de trazermos Freud para dentro da comunicação interna.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Seja você mesmo

De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Massachusetts, 81% das pessoas mentem durante entrevistas de emprego. Em média, os participantes do estudo falaram 2,19 mentiras a cada 15 minutos de processo.

Muitas vezes o candidato tem a preocupação de agradar o recrutador, e acaba respondendo questões que nem sempre são verdadeiras. Os selecionadores são bastante preparados para receber e analisar informações falsas, daí a importância cada vez maior de ser autêntico e honesto consigo mesmo nos processos seletivos.

“É claro que a pressão por conta da concorrência em um processo seletivo afeta na postura e discurso dos profissionais, porém, se estiverem conscientes de suas competências e habilidades, este nervosismo não deveria ter tanta influência assim”, aponta Denise Cavalcanti, consultora de seleção da Luandre.

Ainda para ela, existem candidatos que acabam extrapolando em algumas mentiras, pois muita coisa dita não é compatível com o currículo. “Dessa forma, já consigo perceber que não posso contar com eles no processo”, afirma.

Ser autêntico é importante, mas também existem limites – o processo seletivo tem algumas etiquetas que devem ser respeitadas. Alguns candidatos, de tão à vontade em uma entrevista, confundem o selecionador com um amigo e acabam falando coisas fora do contexto. “Deve existir critério para mostrar atributos como seriedade, responsabilidade e até mesmo respeito”, alerta Denise.

Felicidade no trabalho

Ser autêntico na entrevista tem total relação com a felicidade que o profissional encontrará no futuro trabalho. Questões como adaptação com a cultura da empresa e o próprio desenvolvimento das atividades do dia a dia fluem melhor se o candidato se mostrar honesto e transparente na entrevista.

Muitos candidatos podem não estar perfeitamente enquadrados no perfil de uma vaga em questão, porém a transparência e sinceridade muitas vezes contam como ponto positivo, e o recrutador leva isso em consideração.

“Se o candidato não for autêntico na seleção, os conflitos com a organização no ato da contratação vão surgir rapidamente. A autenticidade faz com que a relação seja duradoura”, afirma Wagner de Freitas Oliveira, fundador da Woli Consultoria e Treinamento.

Além das questões técnicas, o lado comportamental conta bastante nos dias de hoje. Então, se o profissional for autêntico e os valores individuais foram aderentes aos da empresa, isso pode ser um fator de desempate na hora de uma contratação.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Inclusão ou obrigação?

Ao lermos o termo “Inclusão”, podemos transitar por diversos caminhos. Inclusão de quê? De quem? Como? Onde? E quando? São tantos os excluídos... Inclusive nós já passamos ou podemos estar passando por uma situação na qual nos sentimos à margem. Situação essa que remete à dor, tristeza, abandono e rejeição. Sentir-se excluído é sentir-se inútil, insignificante, é estar fora, à parte.  O que muitas vezes pode gerar um sentimento de luta, o desejo de mostrar para o outro que se é  capaz. Os momentos nos quais nos sentimos assim são transitórios, ainda que pareçam eternos. Algumas vezes não superamos e “carregamos” essa marca, outras tantas sim, e então nos sentimos incluídos, parte, envolvidos, e satisfeitos por sermos úteis e importantes para alguém. 

Mas ainda existem grupos que são rotulados incapazes, inferiores e diferentes. Diferente de quê e de quem? Quem não é diferente? Ou melhor, quem não é único? Lembro-me de, várias vezes, estar conversando com algum amigo surdo em lugares públicos e as pessoas passarem e por achar que eu também era surda comentavam algo como: "Coitadinha, tão bonitinha e surda-muda!" No início, eu brigava, hoje apenas comento, "Não sou surda, muito menos muda. Pois não existe “surdo-mudo”. Muitos surdos falam  bem a língua portuguesa e, além disso, possuem sua língua, a Libras – Língua Brasileira de Sinais". 

Nem sempre atitudes como essas são por discriminação, mas por falta de   conhecimento. É o "pré-conceito".  Contra ele é que precisamos lutar, não apenas para que as leis sejam cumpridas, pois elas surgem na tentativa de recuperar um tempo perdido. Como é o caso da 8.069/90 que garante o acesso de toda criança à educação. E a Lei 8213/91 mais conhecida como “Lei de Cota”, que reserva vagas em empresas para pessoas com deficiência. Mas, será que cumprir um número basta? Ou vale a pena refletir como é o processo? Quais marcas ele deixa? Que frutos trarão ao longo do tempo?

Educação e emprego, dois pilares fundamentais. Como podemos exigir profissionais altamente qualificados se até pouco tempo nas nossas escolas não havia rampas, intérpretes de Libras, profissionais conhecedores do Braille? Alguns até achavam que Síndrome de Down era doença. Em passos lentos, essa realidade tem mudado.

Como empresa, precisamos ir além, formar, capacitar, contribuir para que cada dia não seja uma mera obrigação, mas sim um processo de inclusão. Agindo assim, perceberemos que nem sobre inclusão será necessário falar, pois não existirá ninguém, nenhum grupo excluído.   

Precisamos construir rampas em nossas empresas, não apenas as físicas, mas em nossos corações e mentes, que nos conduzam a outros caminhos, a falar uma língua diferente das orais, a guiar o próximo com cordialidade e, quando necessário, ter firmeza na voz e nos comunicar com a ternura do olhar. É possível! Seja você um agente multiplicador! 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Sorrir faz bem!

Todos sabem o quanto o ato de Sorrir faz bem para nossa saúde. Quando sorrimos, exercitamos 28 músculos, melhorando o tônus e a rigidez da face. Sem falar nos benefícios psicológicos. Mas muitas vezes, o ato de sorrir não é solitário, envolvendo outras pessoas, tanto para sorrir quanto para fazer sorrir.

Normalmente sorrimos quando estamos bem e quando estamos ao lado de pessoas felizes. Se você se sente assim com o seu negócio, parabéns, pois você está feliz e sorrindo. Mas se este não for o seu caso, pense em novas atitudes. Eu digo atitudes, porque quando tomamos decisões e partimos para a ação mudamos o nosso redor, mesmo com pequenas atitudes, como um sorriso.

Que tal fazermos uma inversão de papeis: se você é um gestor comece a pensar como empreendedor e vice e versa. Se você acha que é uma simples inversão de papéis está enganado. Faça isto e verá que terá ótimos resultados. Não sabe onde começar? Construa uma atmosfera corporativa saudável, limpa de poluição comunicacional, com troca de informações claras e conversas com olhos no olhos, e verá uma humanização das relações entre patrões e colaboradores.

Então vamos lá, quais as atitudes que você irá começar a tomar? Lembre-se de seus planos iniciais, de quando começou sua gestão ou o seu negócio desde o primeiro dia. Quais eram seus planos? E reflita o quanto dos seus planos foram realmente executados. E os que não foram, tente descobrir o porquê não aconteceram. E os que foram realizados, quais que realmente funcionaram e quais não. A partir desse ponto você terá algumas boas pistas de quais decisões e atitudes você deverá tomar pela frente.

Logicamente não podemos esquecer o modelo de negócio adequado, do capital de giro ou budget, da estruturação da sua equipe, e principalmente dos processos, que são pré-requisitos para qualquer negócio ou departamento andarem bem. Mas também não podemos ignorar que as empresas são formadas por pessoas. E pessoas trabalham melhor ao lado de pessoas felizes, que estão sempre sorrindo.

Não importa como gestor ou empreendedor, valorize seu capital humano. Essa valorização não passa apenas pelo lado financeiro, muitas vezes apontado como a única forma de premiação dentro das corporações. Existem diversas formas de sinalizar para seus colaboradores que você está contente com o trabalho realizado. Portanto, lembre-se de sorrir mais para o seu negócio. Fará um tremendo bem a todos, inclusive a você próprio.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Autossabotagem não!

Por medo dos riscos e das responsabilidades da vida, podemos acabar inconscientemente com as nossas realizações. Isso se chama autossabotagem. São atitudes forjadas por uma parte de nós que não nos vê como merecedoras do sucesso ou que subestima nossa capacidade de lidar com a vitória.

Pode ser aquela espinha que apareceu no nariz no dia daquele encontro especial ou da gripe que a pegou na véspera daquela importante reunião.

"Muitos desses comportamentos destrutivos estão quase fora do domínio da consciência", afirma o psicólogo americano Stanley Rosner, coautor do livro O Ciclo da Auto-Sabotagem - Por Que repetimos atitudes que destroem nossos relacionamentos e nos fazem sofrer (ed. BestSeller).

"A autonomia, a independência e o sucesso são apavorantes para algumas pessoas porque indicam que elas não poderão mais argumentar que suas necessidades precisam ser protegidas", diz o autor.

O filósofo e psicanalista paulista Arthur Meucci, coautor de A Vida Que Vale a Pena Ser Vivida (ed. Vozes) comenta sobre os ganhos secundários. "Há jovens que saem de casa para tentar a vida, enquanto outros permanecem na zona de conforto, porque continuam recebendo atenção dos pais e se eximem de enfrentar as dificuldades da fase adulta", afirma.

O problema é que, ao fazermos isso, não nos desenvolvemos plenamente. "Todo mundo busca a felicidade, a questão é ter coragem de viver, o que significa correr riscos e assumir responsabilidades", diz ele.

Reconheça suas potencialidades

Em alguns casos, o gatilho da autopunição está na maneira de como nos enxergamos. A pessoa precisa identificar suas potencialidades e se apropriar delas.

"Às vezes, buscamos a felicidade no lado inverso de onde poderíamos encontrá-la. Queremos ser bonitos, elegantes e inteligentes como os outros e deixamos de ser o que naturalmente somos", afirma a psicoterapeuta paulista Lilian Frazão, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).

Só vamos entender essa postura quando avaliarmos nossa trajetória e relações familiares com a ajuda de um analista ou terapeuta. "Filhos que foram condicionados pelos pais a se sentir merecedores de satisfação somente depois de cumprir determinadas tarefas, por exemplo, se tornam adultos que postergam a felicidade", exemplifica o terapeuta familiar e sexólogo argentino Bernardo Stamateas, autor de Autossabotagem: Reconheça e Mude as Atitudes Que Você Toma contra Si Mesmo (ed. Academia de Inteligência).

E a privação pode se estender a conquistas mais relevantes. "Quem não tem permissão para ser feliz, quando obtém algo positivo, imediatamente faz alguma coisa para perdê-lo. Se arruma um namorado, o trata mal para que ele vá embora, se consegue um bom trabalho, não cumpre o horário para justificar uma demissão", constata o terapeuta.

A dor é necessária para a recuperação

Consciência e mudança estão intrinsecamente ligadas e mexer em lembranças desagradáveis é dolorido. Leva tempo até conseguirmos digerir experiências, fazer novas associações e, por fim, implementar mudanças significativas em nossa vida. Mas, se tivermos paciência e vontade de nos aprimorarmos, a jornada vale a pena.

O mergulho interior é primordial para retornarmos à superfície reformuladas. "Precisamos nos desvencilhar de todos os mandatos de culpa e nos dar permissão para sermos felizes", diz Meucci.

Mas, prepare-se para experimentar uma reação em cadeia. Se mudamos nosso jeito de nos posicionar em determinada área, as demais também serão afetadas. "As artimanhas psíquicas que usamos em casa e no trabalho são as mesmas: o jeito de negociar, de lidar com funcionários e filhos, de dar ordens", diz Meucci.

Só assim conseguiremos "exercer o que temos de melhor", nas palavras de Lilian. No entanto, não podemos menosprezar ou negar a dor. "O sofrimento é uma passagem necessária que evidencia aspectos que precisam ser reconhecidos", afirma a psicoterapeuta.

O fundamental é acreditar que somos capazes de fazer o melhor que está a nosso alcance. "Podemos resgatar a capacidade de brincar, de superar o que nos fere, de olhar para nossas potencialidades", diz ela.

Igualmente vital é aceitarmos as diferentes fases da vida e extrairmos delas os aprendizados possíveis. "Feliz é aquele que se lança para a vida e não tem medo de viver as coisas em seus respectivos momentos", afirma Meucci.

"A felicidade não é algo que alcançamos, e sim conduzimos; não depende do contexto, mas de nossa determinação para superarmos as dificuldades e desfrutarmos a vida", diz Stamateas, que nos remete às sábias palavras do filósofo francês Jean-Paul Sartre: "O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós".

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Lixo extraordinário

O filme “Lixo extraordinário” que concorreu ao Oscar em 2011, gravado ao longo de dois anos, divulgou o projeto social do artista plástico Vik Muniz com catadores do lixão de Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), considerado o maior da América Latina. No documentário, Muniz busca desmistificar o lixo, transformando-o em arte. Foi uma forma de comunicar e divulgar para o público uma nova maneira de encarar velhos paradigmas.

 Afinal, pode o lixo ser extraordinário?

Segundo pesquisas, a população brasileira gera 260 mil toneladas de lixo todos os dias, quantidade suficiente para encher o estádio do Maracanã. Apenas na cidade de São Paulo, são geradas 18 mil toneladas diariamente, o que equivale a 1,6 quilos por habitante.

É fato que a maior parte das coisas que jogamos fora e consideramos lixo, pode ser aproveitado e transformado. E o melhor de tudo isso, economizando os recursos naturais. Infelizmente, ainda não inventaram uma maneira da lata de lixo da nossa casa desintegrar matéria ou reciclar, instantaneamente, tudo o que é despejado nela! Seria maravilhoso, entretanto, no momento, ainda somos nós os protagonistas dessa história.

Mas como “convencer” as pessoas a separar, reciclar e destinar o lixo de maneira correta? Creio que os mecanismos usados atualmente estão equivocados. Mais uma vez menciono nesta coluna que não podemos usar os artifícios da culpa para fazer alguém mudar de hábito e de conduta. Fazer as pessoas acreditarem que apenas devem pensar nas próximas gerações, no futuro do planeta ou em serem “boazinhas” também não resolve. Os seres humanos querem ser felizes agora e não daqui a 50 anos. Sendo isso uma premissa, precisamos descobrir outros tipos de abordagem para que tenhamos resultados diferentes dos que temos hoje.

Uma maneira diferente de tratar a questão é pelo viés econômico. Existe uma fortuna no lixo. A reciclagem pode ter como mola propulsora a geração de recursos econômicos trazendo a reboque o aspecto ambiental.

Veja o exemplo das latinhas de alumínio. O Brasil reaproveita 98% das latinhas que produz, gerando R$ 382 milhões por ano, e essa prática já vem de muitos anos. Mas por que isso funciona? Será por que lá na década de 90 alguém pensou “Vamos fazer bem para o planeta e reciclar latinha?” Creio que não.  Naquela época, o conceito de sustentabilidade ainda nem existia. Então, quais foram as grandes alavancas que fizeram da reciclagem de alumínio um caso de sucesso?

- A latinha não é vista como lixo, e sim como dinheiro;
- A cadeia de negócio está bem estruturada em todo o processo e realmente funciona. Catadores, sociedade, empresas de reciclagem e indústria trabalham em conjunto. Pode ter certeza que você já bebeu refrigerante ou cerveja numa latinha reciclada;
- A motivação principal não é ser bonzinho ou fazer bem para o planeta, mas sim econômica e, em contrapartida, o meio ambiente agradece! Imagine a quantidade de recursos naturais utilizados, caso não fosse realizada a reciclagem das latinhas.

Se o processo de reciclagem de alumínio funciona tão bem e gera todo esse dinheiro, imagine se tivéssemos o mesmo reaproveitamento para todos os outros materiais, como plástico, papel, metal e vidro! É possível despertar alavancas de incentivo por meio do viés econômico e ainda assim, beneficiar o planeta.

Vivemos hoje no fugaz mundo do descarte e temos que pensar não em evitar a produção de resíduos, mas sim em como reaproveitá-los, gerando empregos, renda e um meio ambiente equilibrado.

Lixo gera dinheiro e os recursos podem ser transformados em escolas, hospitais, moradia, melhorias de vida para a população.  Não precisamos apenas arrumar um lugar para jogar o lixo ou incinerá-lo. Necessitamos criar redes e cadeias de negócio aonde tudo o que vai, volta transformado, sem termos que tirar novamente os já escassos recursos da natureza.
Por meio da comunicação podemos incentivar novas atitudes das empresas, do poder público e da sociedade a fim de buscar outros significados para o lixo, perceber o seu grande potencial social e econômico e, definitivamente, transformá-lo em extraordinário!

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Você é espelho!

Em um voo internacional, um sênior do Citibank provou-me que as pessoas não ouvem ao que nós dizemos e sim ao que nós fazemos! : “Toque sua cabeça! Ele disse e então eu fiz. Toque sua testa! E então eu fiz, me perguntando onde ele estava tentando chegar. Toque seu nariz! Então em fiz, me sentindo já entediada… Toque seu pescoço. Ele pediu enquanto tocava seu queixo. e então, eu toquei meu queixo também. Você não escutou o que eu falei, mas seguiu o que eu fiz”. Chegamos ao ponto!

Já recebi diversos e-mails confidenciais de pessoas trabalhando, principalmente (mas não exclusivamente) em grandes multinacionais. Estas pessoas descreveram sua decepção aos vários esforços de mudanças realizadas em suas respectivas organizações. Para resumir suas colocações, eu diria que eles começaram a acreditar nesses esforços: eles estavam apoiando intelectualmente e emocionalmente. Além disso, os programas de gestão da mudança foram bem desenhados e tinham sido entregues com satisfação. Os membros da diretoria apoiaram o projeto e dedicaram grande quantidade de tempo de suas agendas atarefadas para apoiar o programa (ao juntarem-se para, geralmente, bons diálogos com as pessoas). Alguns CEOs envolveram-se de maneira tocante.

Então, por que as mudanças não tiveram tanto sucesso como elas deveriam ou poderiam ter tido? Ao entrevistar alguns dos executivos preocupados, pude de maneira clara ver a sinceridade de suas intenções. Mas, quando comecei a escutar as pessoas que se reportavam a eles, achei a mais provável causa da decepção: “Eles nos pediram para mudar, os programas elevaram o nível de esperança e expectativas mas, rapidamente, nós fomos confrontados pelo fato de que nossos executivos não mudaram o estilo, comportamento ou atitude de liderança deles. Eles não estão levando isso realmente a sério. Como podemos mudar uma organização quando a liderança não demonstra sinais de movimento?”

Desde muito jovens somos treinados a acreditar no que vemos. Somos todos experts em examinar minuciosamente autoridades para ter a certeza de que a ameaça da mãe ou do pai deve ser levada a sério ou não. Na infância, nós aprendemos a localizar a incoerência entre “faça o que eu digo e não que o eu faço” naqueles que são os responsáveis pela educação. O esquema se repete com os líderes seniores nas organizações. Todos nós, leitores deste blog, somos autoridades para aqueles que lideramos. Se nossas ações não são vistas à altura das nossas intenções, histórias negativas e cínicas vão se espalhar pela organização como se “atirássemos no nosso próprio pé”. É igualmente fascinante perceber que culturas de liderança positivas e florescentes são aquelas onde os seguidores vêem uma forte coerência entre as intenções declaradas e os comportamentos visíveis de seus líderes (o bom e velho walk the talk).

Quais são os comportamentos ou a marcas de liderança que provarão perante nossos seguidores que estamos absolutamente sérios sobre a mudança? Até onde vamos adaptar nossa própria maneira de liderar? Um esforço bem inspirado, em qualquer processo de mudança (estratégico, cultural, organizacional e/ou pós-aquisição) é refletir antes de seu lançamento. E é por meio deste texto que os convido a trilhar essa jornada.