A renovação que todos nós fazemos
em nossas vidas pessoais, por conta do réveillon, deveria ser seguida, também, pelas
corporações. Como dizia Carlos Drummond de Andrade: "Quem teve a ideia de cortar
o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze
meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o
milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade
de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente". Mas o que, de fato, as
empresas estão fazendo para renovar, revigorar e melhorar sua comunicação
corporativa?
É fato que a grande maioria das empresas olha apenas a linha da planilha que
registra o custo anual, focando-se no mero cumprimento de suas obrigações.
Diferenciação, inovação, trabalho extra ou ações adicionais, nem pensar. Que
pena, concordaria o poeta se estivesse vivo.
Na lista de votos positivos - como “paz, amor, saúde, sucesso, etc” - que
fazemos para os amigos queridos a cada novo ano, adoraria poder desejar novos
horizontes para as empresas, no gerenciamento de suas marcas, de sua imagem e
de sua reputação corporativa. As 10 resoluções da comunicação para 2014 deveriam
ser algo como:
1. Ter planejamento anual (poucos têm, de fato)
2. Pensar e fazer diferente
3. Trabalhar a comunicação como um todo (e não só propaganda)
4. Implementar um plano de comunicação integrada e não
departamentalizada
5. Mobilizar o alto comando das empresas para as ações de
comunicação, difundindo conteúdo e decisões para todos os funcionários
6. Escutar, respeitar e valorizar todos os stakeholders,
tendo inclusive uma comunicação direta e contínua com eles por meio das mídias
sociais
7. Não ter medo de ousar e inovar, pois criatividade é o que
torna as empresas únicas
8. Investir para que o trabalho de comunicação torne-se, de
fato, um instrumento de competitividade
9. Fazer diferente todos os dias
10. Enfim, entregar muito mais que a mera obrigação
Na linha do “fazer diferente”, seria perfeito se, em 2014, as empresas olhassem
para suas obrigações e entregassem muito mais que o básico e/ou o exigido por
lei. Os relatórios anuais, por exemplo, poderiam ser muito mais do que um mero
registro burocrático das atividades do ano com um “copy and paste” de alguns
gráficos. Poderia ser um resumo inteligente do que a empresa atingiu, de suas
conquistas e de ações sociais e ambientais. Poderia tratar de expectativas
futuras de uma forma inteligente e agradável, posicionando a empresa num outro
patamar. Poderia ser um instrumento de diferenciação, de conquista de prêmios e
de reconhecimentos do mercado. Poderia ser feito por especialistas em
comunicação e não por financistas. Poderia, sim, reunir tudo isso se tivesse
vontade de mudança.
Para muitos, essa postura representaria sair da área de conforto. Muitos dizem
“não” antes mesmo de ouvir novas propostas ou de entender os novos desafios ou
o novo trabalho. Esse é um grande paradigma a ser quebrado - e não deveria ser
assim, já que a comunicação é uma das áreas mais pulsantes, sensíveis e
movimentadas das empresas.
Vejo que para que as empresas mudem suas atitudes em relação à comunicação
corporativa é necessário que sejam empurradas por ondas externas. A onda da
responsabilidade social foi rapidamente aceita porque a maioria dos prêmios
anuais fornecidos a grandes corporações passou a pontuar esse item como algo
básico. A onda da governança corporativa veio e ficou, pois as empresas viram
que sem instrumentos de controle estariam sujeitas a escândalos e fadadas até
ao desaparecimento.
Tomara que 2014 seja o ano da onda da comunicação corporativa 2.0 e que as
empresas passem a trabalhar num novo patamar de qualidade. Uma boa comunicação
não está disponível na prateleira de uma loja para ser comprada. Por ter um DNA
único, precisa, para se desenvolver, ser regada todos os dias por profissionais
diferenciados sem medo de agir e de mudar mas, principalmente, de sonhar com
novos horizontes para suas organizações.
Que após as comemorações de passagem de ano as empresas acordem para esse novo
cenário e dediquem-se mais a gerenciar suas marcas (o seu bem mais precioso).
Que 2014 seja o início de um novo ciclo. Que a onda da comunicação venha para
ficar nas
empresas e que este ano seja marcado por inovação, criatividade e
diferenciação.
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Ensaio não é só para artista
Na correria do dia a dia, cada vez mais executivos
e líderes se deparam com a falta de tempo para se prepararem corretamente antes de
suas apresentações. Muitas vezes, acabam recebendo os briefings minutos antes
de subirem no palco. É fato que falar bem depende muito mais de
treino do que carisma. Da mesma forma, o sucesso de grandes apresentações que
surpreendem a plateia está intimamente ligado ao conhecimento que o
executivo tem do tema e da empatia que ele estabelece com o público.
Steve Jobs é um bom exemplo de sucesso em apresentações. Superou o medo de falar em publico depois de identificar seus pontos fracos. Recorreu a especialistas de comunicação, como Regis McKenna, para ajudá-lo e passou horas e horas treinando suas palestras antes de cada anúncio de um novo produto ou antes de discursos memoráveis como o feito na Universidade de Stanford. Tanto treino fez com que ele se distanciasse dos chatos do mundo de tecnologia e fosse colocado em outro patamar, o de gênio. Até a concorrência concorda, tenta copiar, mas não consegue porque falta emoção, sinceridade, cumplicidade com os ouvintes e, sobretudo, treino, muito treino.
Outro bom exemplo de dedicação que gera resultado é dado pelos políticos. Eles treinam e treinam por horas e horas e (em, alguns casos, por dias) suas apresentações e participações em debates. Existem discursos sensacionais que valem a pena sempre serem revistos. Existem, também casos de pessoas que acabam acertando porque reconhecem que precisam fazer ajustes. Quem não se lembra das últimas eleições presidenciais, em 2010, quando a candidata Marina Silva apareceu com um novo casaco após o intervalo em um dos últimos debates. Fez bem, pois definitivamente não vale insistir numa roupa que não agradava os telespectadores.
Mas por que os empresários não se inspiram nesses modelos e fazem diferente nas suas palestras e na condução da estratégia de comunicação das empresas que eles comandam? Difícil responder de forma única. Acredito que a comunicação, infelizmente, seja tratada só no final, na véspera do anúncio de um novo produto ao mercado, porque muitos dos executivos se consideram experts em tudo que fazem. Mas, na hora H, eles sobem no palco, gaguejam, não respondem as perguntas da plateia e saem como se nada daquilo tivesse acontecido.
Atores de TV e de cinema refazem uma cena dezenas de vezes; apresentadores de telejornal treinam diariamente suas vozes com a ajuda de fonoaudiólogos; atletas se dedicam sem parar para melhorar seus tempos em algumas frações de segundo. Então, por que os executivos, incluindo não só presidentes, mas diretores, gerentes e líderes não se preocupam antes de apresentações internas e externas? Por que as empresas não oferecem esse tipo de suporte a eles? Posso dizer que essa é, sim, uma importante questão para reflexão.
As palestras que assisti de executivos que deixaram a plateia, e eu, de "boca aberta" são inesquecíveis. Em comum, muito mais do que apresentações coloridas, elas se destacaram porque tinham sempre boas histórias e foram contadas com tanto entusiasmo que fizeram com que os ouvintes não se dispersassem. Os palestrantes pareciam, também, treinados e confortáveis no palco, foram objetivos, priorizaram o conteúdo antes de efeitos técnicos, fugiram do lugar-comum e envolveram o público com os temas de suas apresentações. No final, além de ovacionados, ganharam o coração dos admiradores.
Dizem que sucesso é uma mistura de competência com sorte. Eu penso um pouco diferente. Para mim, sucesso é uma mistura de competência com treino. Andar e correr todos conseguem, mas para conseguir fazer uma prova não basta só colocar o tênis no pé e sair. É preciso estar descansado, alimentado corretamente e bem condicionado. A plateia agradece se os executivos brasileiros começarem a fazer a lição de casa também na área de comunicação. A vida nos mostra que ensaio não é só para artista.
Steve Jobs é um bom exemplo de sucesso em apresentações. Superou o medo de falar em publico depois de identificar seus pontos fracos. Recorreu a especialistas de comunicação, como Regis McKenna, para ajudá-lo e passou horas e horas treinando suas palestras antes de cada anúncio de um novo produto ou antes de discursos memoráveis como o feito na Universidade de Stanford. Tanto treino fez com que ele se distanciasse dos chatos do mundo de tecnologia e fosse colocado em outro patamar, o de gênio. Até a concorrência concorda, tenta copiar, mas não consegue porque falta emoção, sinceridade, cumplicidade com os ouvintes e, sobretudo, treino, muito treino.
Outro bom exemplo de dedicação que gera resultado é dado pelos políticos. Eles treinam e treinam por horas e horas e (em, alguns casos, por dias) suas apresentações e participações em debates. Existem discursos sensacionais que valem a pena sempre serem revistos. Existem, também casos de pessoas que acabam acertando porque reconhecem que precisam fazer ajustes. Quem não se lembra das últimas eleições presidenciais, em 2010, quando a candidata Marina Silva apareceu com um novo casaco após o intervalo em um dos últimos debates. Fez bem, pois definitivamente não vale insistir numa roupa que não agradava os telespectadores.
Mas por que os empresários não se inspiram nesses modelos e fazem diferente nas suas palestras e na condução da estratégia de comunicação das empresas que eles comandam? Difícil responder de forma única. Acredito que a comunicação, infelizmente, seja tratada só no final, na véspera do anúncio de um novo produto ao mercado, porque muitos dos executivos se consideram experts em tudo que fazem. Mas, na hora H, eles sobem no palco, gaguejam, não respondem as perguntas da plateia e saem como se nada daquilo tivesse acontecido.
Atores de TV e de cinema refazem uma cena dezenas de vezes; apresentadores de telejornal treinam diariamente suas vozes com a ajuda de fonoaudiólogos; atletas se dedicam sem parar para melhorar seus tempos em algumas frações de segundo. Então, por que os executivos, incluindo não só presidentes, mas diretores, gerentes e líderes não se preocupam antes de apresentações internas e externas? Por que as empresas não oferecem esse tipo de suporte a eles? Posso dizer que essa é, sim, uma importante questão para reflexão.
As palestras que assisti de executivos que deixaram a plateia, e eu, de "boca aberta" são inesquecíveis. Em comum, muito mais do que apresentações coloridas, elas se destacaram porque tinham sempre boas histórias e foram contadas com tanto entusiasmo que fizeram com que os ouvintes não se dispersassem. Os palestrantes pareciam, também, treinados e confortáveis no palco, foram objetivos, priorizaram o conteúdo antes de efeitos técnicos, fugiram do lugar-comum e envolveram o público com os temas de suas apresentações. No final, além de ovacionados, ganharam o coração dos admiradores.
Dizem que sucesso é uma mistura de competência com sorte. Eu penso um pouco diferente. Para mim, sucesso é uma mistura de competência com treino. Andar e correr todos conseguem, mas para conseguir fazer uma prova não basta só colocar o tênis no pé e sair. É preciso estar descansado, alimentado corretamente e bem condicionado. A plateia agradece se os executivos brasileiros começarem a fazer a lição de casa também na área de comunicação. A vida nos mostra que ensaio não é só para artista.
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Clones, Seguidores ou Sucessores
Numa indústria trabalhavam três gestores responsáveis por
diferentes áreas do negócio que eram reconhecidos como competentes pelos seus
pares e estavam prestes a se aposentar. Portanto, profissionais que precisavam
acelerar a capacitação de quem ocuparia estas posições num futuro próximo.
Após elegerem seus substitutos, o primeiro deles intensificou a transmissão dos conceitos de liderança ao pupilo a fim de que pudesse enfrentar as mais diferentes situações cotidianas com o mesmo sucesso que lhe era peculiar. Para isto, grudou o neolíder ao seu lado e passou a explicar em detalhes tudo o que fazia para conduzir a equipe de trabalho tão bem e quais princípios de liderança o guiavam.
Após elegerem seus substitutos, o primeiro deles intensificou a transmissão dos conceitos de liderança ao pupilo a fim de que pudesse enfrentar as mais diferentes situações cotidianas com o mesmo sucesso que lhe era peculiar. Para isto, grudou o neolíder ao seu lado e passou a explicar em detalhes tudo o que fazia para conduzir a equipe de trabalho tão bem e quais princípios de liderança o guiavam.
Enquanto isto, o segundo procurava inspirar o aprendiz
contando-lhe como havia lidado com os problemas que enfrentou ao longo da sua
trajetória profissional e se mostrava acessível a maior parte das vezes. Tal
comportamento causava grande admiração naquele que precisava iluminar,
especialmente pelo fato de ter respostas para qualquer questão que aparecia
pela frente. E também provocava suspiros: "Algum dia eu serei como ele".
Já o terceiro preocupou-se em educar seu formando para que
soubesse resolver problemas, sejam eles quais fossem. Para isto, passou a
delegar-lhe boa parte das buchas que apareciam pelo departamento e o capacitou
a ser sensato nas tomadas de decisão em vez de, simplesmente, prender-se a um
método de sucesso.
Um ano após a saída dos três gestores era possível notar
resultados muito diferentes em cada uma das áreas. A primeira permanecia na
mesma, com as características positivas e negativas da gestão passada. Até parecia
que os gestores - o antigo e o novo - eram gêmeos siameses. A segunda
encontrava-se em ruínas. Com a saída do antigo gerente, o substituto ficou
desnorteado e descobriu que não sabia lidar com os desafios que o cargo
impunha. Por outro lado, a terceira área alcançava recordes de produção e o
neolíder já estava com o time nas mãos.
Por que apenas um deles atingiu o ápice? O primeiro líder
dedicou-se a formar um clone que pudesse substituí-lo com o compromisso de
continuar fazendo exatamente aquilo que era realizado até então. O segundo,
grande equívoco de muitos líderes por aí, formou apenas um seguidor, que
contemplava seus feitos e não estava pronto para agir por conta própria. Já o
terceiro líder fez o ideal: preparou um sucessor que pudesse encarar o que
viesse pela frente.
Formar clones de si mesmo para tocar um negócio não é uma
boa ideia. Sua gestão pode ser ótima e os resultados atuais simplesmente
fantásticos, no entanto o mercado muda muito rápido e manter os mesmos
equívocos e acertos como leis imutáveis é um risco excessivo, especialmente
quando se pretende garantir o futuro da organização.
Outro grande erro é querer angariar seguidores. Este tipo de
gestão cria uma dependência do grupo quanto à pessoa do líder, que passa a ser
venerado como insubstituível e senhor da verdade. Por conseguinte, em sua
ausência nada acontece e os candidatos a substituto passam apuros, pois as
pessoas logo os comparam com o semideus que ainda não deixou a empresa.
Capacitar líderes é uma missão que exige muito mais do que
transmitir a alguém tudo o que você sabe, faz e acredita. Demanda a humildade
de preparar sucessores para que superem os feitos que mais o orgulham e o
esforço de habilitá-los a resolver problemas que ainda nem existem, mas
certamente os afligirão no futuro se não forem tratados com medidas
preventivas.
Para isto, contrate pessoas que tenham o
potencial de serem melhores do que você. Indivíduos que não temam confrontá-lo
de vez em quando e que sempre aparecem com duas ou três alternativas quando
estão diante de um problema. Este é o melhor remédio para fugir à tentação de
criar clones ou se contentar com seguidores.
Empresa não é uma família
"Aqui somos uma verdadeira família" é uma daquelas
expressões que muitos gostam de utilizar para retratar a harmonia e a
solidariedade existente na empresa onde trabalha, mas será que as companhias
realmente devem se parecer com uma família?
Hoje em dia grande parte dos trabalhadores busca mais do que
apenas um emprego para prover o seu sustento. Estas pessoas anseiam se dedicar
a uma causa, serem reconhecidas quando fazem um bom trabalho e atuarem em
organizações onde o clima interno seja no mínimo acolhedor. É por isto que nos
últimos anos muitas empresas fizeram de tudo para se transformarem no sonho de
consumo de jovens talentos e também dos profissionais com carreiras já
consolidadas.
Contudo, dificilmente vemos qualquer uma destas companhias
tentando se parecer com uma família ou se declarar como tal. Elas sabem que as
metáforas exigem um esforço descomunal para serem compreendidas como se quer e,
portanto, não vale a pena escolher aquelas cuja interpretação varia de acordo
com as experiências acumuladas ao longo da vida do receptor.
Quem convive numa família equilibrada, tem a felicidade de
receber afeto e foi educado com base em valores universais percebe este
discurso de "aqui na empresa somos uma família" de um modo muito
diferente daquele outro indivíduo que infelizmente veio de um lar no qual
sofria maus-tratos, escutava brigas constantes ou era alvo de descaso.
Concordo que para muitos é difícil deixar de lado este tipo
de comparação, afinal quase 90% das empresas brasileiras são dirigidas por
famílias e suas peculiaridades. Firmas em que pais, irmãos, tios, primos,
trabalhadores que não têm laços consanguíneos - mas são percebidos como
"gente de casa" - e outros que acabaram de chegar têm de separar sua
vida pública da privada na hora de tratar de negócios. O problema é que a chave
liga-desliga não funciona para vários deles.
Em meu dia a dia profissional é cada vez mais comum
encontrar situações nas quais este tipo de projeção (empresa = família) foi
terreno fértil para que o puxa-saquismo e outras formas de relacionamento por conveniência
se instalassem como cancro na companhia. Isto sem falar na resistência às
mudanças e na acomodação daqueles que acreditam ser imprescindíveis.
É claro que os gestores patrocinam isto tudo ao preferirem
ser condescendentes com erros graves só porque "fulano é um bom menino
grande parte das vezes". Ou então, no extremo oposto, ao repreenderem
implacavelmente qualquer pessoa que saia da linha dentro da cultura
"aqui-quem-manda-sou-eu".
Outro fato que chama atenção nas empresas que se veem como verdadeiras
famílias é o número de eventos promovidos para integrar as pessoas. A
iniciativa de aproximá-las até que é louvável. No entanto, a intimidade
excessiva cultivada neste tipo de corporação acaba sendo muito danosa com o
passar do tempo. Por quê? Como as pessoas tornam-se achegadas até demais,
várias delas passam a não medir as consequências daquilo que falam e o clima
organizacional tende a ficar insuportável entre aqueles que até pouco tempo
atrás se tratavam como irmãos. Resumindo: intimidade só é conveniente quando
existe maturidade.
Muitas pessoas e estudiosos criticam as organizações porque
seus discursos nem sempre se tornam realidade e não tenho como divergir deste
pensamento. Entretanto, somos seres que vivem de histórias e estas ajudam os dirigentes,
os funcionários, os clientes, os fornecedores e a sociedade como um todo a
compreender como determinada empresa pensa e age diante do caso concreto.
Por isto, vale a pena investir energia para encontrar a
metáfora que explica o tipo de corporação que vocês são ou querem ser. Só tenho
uma sugestão a fazer: deixemos nossas famílias fora desta discussão para não
confundir. Empresa é empresa, família é família.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Elimine comportamentos sabotadores
Aproveite o último mês do ano para avaliar suas atitudes e
começar 2014 com novos hábitos.
Ansiedade
A fasta-se do que te desvia do foco como conversas paralelas,
ligações pessoais ou mesmo as redes sociais. Deixe estas atividades para os
momentos de intervalo.
Elimine comportamentos sabotadores que te impedem de
conquistar sonhos, objetivos e projetos para o próximo ano.
Confira a seguir, os principais agentes considerados
sabotadores e saiba como trabalhar em cada um deles:
Desmotivação
Com a rotina do dia a dia é normal ficar desmotivado e sem
ânimo para continuar. Por isso, este fim de ano é uma excelente oportunidade
para dar uma "mãozinha" e converter essa conduta negativa em uma
força motivadora, para fazer de 2014 um ano diferente e muito mais promissor do
que o anterior.
Procure, por exemplo, identificar as causas deste mal e
comece a trabalhar nesses fatores. Realize atividades que te tragam prazer e
bem-estar. Se possível, sempre tenha um bom relacionamento interpessoal com
seus colegas e superiores, evitando focar toda a sua atenção apenas nos
problemas.
Lembre-se de que todas as experiências pelas quais passamos
têm uma intenção positiva. Por isso, identifique-as e tire proveito apenas do
que for bom nestas situações.Ansiedade
A ansiedade é um agente considerado dificultador e presente
na vida de muitos profissionais. A causa deste mal pode estar ligada a inúmeros
fatores como a preocupação, a improdutividade ou mesmo o cansaço. Este
comportamento, se não trabalhado adequadamente e evitado, pode prejudicar não
somente a saúde física como também o lado psicológico dos profissionais.
Por esse motivo, para evitar a ansiedade, procure levar a
vida de maneira mais leve e pegue menos "pesado" com você mesmo.
Evite focar-se somente no trabalho e dê um tempo para si. Relaxe, descanse e
mantenha hábitos saudáveis que se tornarão um diferencial positivo para sua
vida.
Desorganização
Se você é daqueles profissionais que sentem dificuldade em
se organizar em meio a tantas coisas para realizar e prazos a bater, é
importante criar uma rotina de trabalho.
Fazer uso de uma agenda ou mesmo criar uma planilha de
tarefas, por exemplo, pode ser importante neste processo de organização.
Falta de foco
Se neste ano seu maior sabotador foi a falta de foco, é hora
de avaliar isso rapidamente e não deixar para depois. Para ter foco no que
realmente é importante, uma ótima dica é separar seu trabalho por ordem de
prioridade, assim ficará mais fácil identificar o que fazer primeiro além de
evitar que suas tarefas sejam entregues fora do prazo estabelecido.
Não sou mais um!
Você considera que chegou onde queria em sua carreira?
Já alcançou aquilo que almejava profissionalmente ou ainda sente que falta alguma coisa?
Vamos continuar...
O mais importante, seja apaixonado pelo que faz. Em todas as profissões você vai ter problemas para resolver e se escolher uma profissão que não tem a ver com sua paixão será mais difícil enfrentá-los. O trabalho não é mais um meio de tortura como era nos velhos tempos. Hoje, ele nos ajuda a evoluir e nos permite colocar todas as nossas habilidades e dons em prática, por isso se você ainda não se apaixonou, apaixone-se pelo que faz, vale a pena e se já se apaixonou por alguém, sabe o efeito que causa e a satisfação que tudo isso é capaz de gerar ao ser humano.
Se você já fez tudo isso e continua sentindo que não é o que queria, comece novamente quantas vezes for necessário, para ser feliz no que faz vale a pena sempre começar de novo.
Já alcançou aquilo que almejava profissionalmente ou ainda sente que falta alguma coisa?
Não sei você, mas já olhei para cima e perguntei: Onde foi
que errei? Por que não tenho oportunidade?
Essa insatisfação gera frustração naqueles que buscam
sucesso profissional, cursam faculdades ou cursos técnicos e é exatamente sobre
isso que vamos falar agora.
Vou me sentir bem à vontade para colocar aqui algumas coisas
que fiz e me ajudaram nesses momentos. Isso não será a solução para todos os
problemas da sua vida, mas se me ajudou, pode ser útil para você também.
Quando pensamos "Não quero ser mais um" damos um
grande passo para o início da mudança. Nos cursos de Administração, ouvimos
muito sobre zona de conforto e realmente essa é uma nomenclatura ótima, afinal
quem não gosta de se sentir confortável, mas o maior problema é que essa sensação
nos leva à estagnação, ou seja, faz a gente parar no tempo, não evolui e nesse
caso, não tem como não ser mais um no mundo!
Para qualquer mudança acontecer é preciso primeiro criar
consciência e necessidade de transformação. Se você se considera mais um e não sente
desejo algum de ser diferente, por menor que possa parecer, nunca será possível
ser visto de outra forma. Mas como nós sabemos você deseja a mudança e almeja
algo melhor para seu futuro profissional. Então, vamos ver algumas orientações
para buscar a diferença, o reconhecimento e a valorização profissional.
Primeiro passo - Se conhecer. Você deve estar pensando
"Poxa, mas eu já me conheço muito bem". Então vamos lá, você conhece
todas as suas habilidades, todas as coisas que você gosta, tudo aquilo que te
faz sentir bem, todos os seus dons, seus comportamentos mais frequentes nas
situações inusitadas e sentimentos que geram as ações que determinam sua
identidade? Opa, se foi difícil fazer essa autoanálise tão rapidamente, vamos
pensar um pouquinho em tudo isso antes de continuarmos. Pense em cada palavra,
em cada detalhe a seu respeito antes de irmos para o próximo passo.Vamos continuar...
Identificar o que mais gosta através do que fez no primeiro
passo. Anote tudo que mais gosta de fazer, tudo que tem facilidade e procure
encaixar na profissão aquilo que mais se identificou até hoje. Se você ainda
não trabalhou, tente olhar para as profissões que mais gostaria de atuar e
identifique os prós e contras, assim ficará mais fácil decidir.
Defina seu mapa de trajeto, ou seja, através da análise
anterior, foi possível notar coisas que podem ser comuns em algumas funções.
Agora, visualize aonde quer chegar com a profissão que escolheu através do que
gosta de fazer. Pode ser que você goste de cantar ou jogar futebol e isso não
tem a ver com a carreira que escolheu, então separe o que pode ser usado em sua
profissão e defina o que será do seu lazer. Tente visualizar o caminho que
precisa percorrer para chegar à sua trajetória e defina suas metas. Estipule prazos,
analise os cursos que vão ajudar no resultado, pesquise pessoas bem-sucedidas
no que escolheu pra você.
Crie oportunidades. Agora que já sabe o que quer e aonde
quer chegar, valorize tudo aquilo que pode ajudá-lo com seu resultado. Caso
ainda não tenha identificado nada especifico não fique triste, pois sempre há
tempo. E, francamente, depois de um tempo, a gente começa a notar que muita
coisa que fazemos porque gostamos agrega muito na realização e satisfação sobre
o nosso trabalho. Vou citar um exemplo da minha vida, se me permitir o amigo
leitor. Sempre gostei de teatro, mas nunca quis ser atriz e entrei para o curso
somente para ter um lazer. Por fim, me identifiquei com a área de RH e de
treinamentos. Após três anos de curso de teatro consegui perceber o quanto
evolui na minha profissão por ter técnicas de improvisação e comunicação.
Então, crie oportunidades.
Ouça o que as pessoas têm a dizer a seu respeito. Por mais
difícil para qualquer pessoa ouvir algo de negativo ou corretivo, isso é
necessário para não ficarmos cegos diante de nossas fraquezas. Ouvir nos
permite trabalhar os pontos fracos e nos aproxima das pessoas, pois essa é a
ferramenta que possibilita qualificar tudo o que fazemos e, ao mesmo tempo,
corrigir o que não é tão bom e aperfeiçoar o que é bom.O mais importante, seja apaixonado pelo que faz. Em todas as profissões você vai ter problemas para resolver e se escolher uma profissão que não tem a ver com sua paixão será mais difícil enfrentá-los. O trabalho não é mais um meio de tortura como era nos velhos tempos. Hoje, ele nos ajuda a evoluir e nos permite colocar todas as nossas habilidades e dons em prática, por isso se você ainda não se apaixonou, apaixone-se pelo que faz, vale a pena e se já se apaixonou por alguém, sabe o efeito que causa e a satisfação que tudo isso é capaz de gerar ao ser humano.
Se você já fez tudo isso e continua sentindo que não é o que queria, comece novamente quantas vezes for necessário, para ser feliz no que faz vale a pena sempre começar de novo.
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
Cuide da sua caixa de ferramentas
Todos nós carregamos, ávida e orgulhosamente, nossa caixa de
ferramentas, que é singular, posto que vai sendo construída ao longo da vida,
de acordo com as experiências que vivenciamos, os cursos que realizamos e as
empresas para qual trabalhamos. Desde que nascemos, esta caixa recebe o status
"em construção". Alguns estruturam caixas básicas; outros montam
caixas resistentes e bem protegidas. Há os que constroem caixas elaboradas,
cheias de detalhes e sutilezas. Elas também podem ter tamanhos e formatos diferentes.
Com o passar dos anos, vamos inserindo os mais variados
recursos, aplicativos, programas, além de crenças, valores, modelos, manias e
vícios. Sim, nós colocamos ferramentas boas e instrumentos ruins na nossa
caixa! Elas passam a ser acionadas nas mais diversas situações: em família, na
escola, no trabalho, com amigos, o parceiro ou a parceira etc. Em muitos
momentos, essa caixa funciona como um verdadeiro kit de sobrevivência.
A medida que usamos, testamos a eficácia dessas ferramentas,
podemos trocá-las, sofisticá-las ou abandoná-las, mas isso nem sempre acontece.
Algumas vão ganhando força, sedimentando-se e passam a ter papéis fundamentais
em nossa postura diante da vida. A verdade é que essa caixa de ferramentas pode
se transformar em um arsenal poderoso e vitorioso ou em uma arma nociva e até
destrutiva.
Cabe somente a nós, avaliá-la constantemente para evitar
carregar as ferramentas que são apenas um peso morto e que diminuem a nossa
capacidade de reação, a nossa produtividade. Você já pensou em quantas
ferramentas você tem carregado inutilmente em sua vida? Quão apegado a elas
você está ao ponto de não conseguir descartar o que é preciso?
É necessário abrir nossa caixa, olhar tudo que lá guardamos
e, com carinho e humildade, identificar as ferramentas que nos ajudaram e que
hoje devem ser aposentadas. É preciso reconhecer que nosso entorno e,
principalmente, nós mesmos somos muito melhores e mais leves sem elas. Porém,
como o nosso cérebro gosta de automação e ações rotineiras, a análise pode até
ser fácil, mas as mudanças nem tanto. Esse olhar criterioso também deve buscar
as ferramentas que ainda faltam. Nos dias de hoje, tudo muda muito rapidamente,
surgem novas demandas e novas realidades.
No mundo corporativo atual, as ferramentas listadas abaixo
são muito valorizadas e as empresas buscam pessoas que tenham o maior número
possível delas em suas respectivas caixas:
1. Adaptabilidade ou resiliência
2. Liderança
3. Orientação para resultados
4. Trabalho em equipe
5. Criatividade e inovação
6. Comunicação.
7. Planejamento e organização
8. Tomada de decisão
9. Visão sistêmica
Quantas dessas ferramentas a sua caixa tem? Quantas faltam?
Quais estão com defeito? Faça o balanço e não descuide da sua carreira, mesmo
que esteja muito bem empregado, fazendo o que gosta. O amanhã é o que está por
vir e poderá nos reservar surpresas, como a frase de Guimarães Rosa em Grande
Sertão Veredas: "O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta
e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da
gente é coragem".
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Só Talento não basta!
De origem latina, a palavra talentu em sua essência significa
balança, peso. Também já foi moeda na Roma e Grécia Antiga e citada nas
parábolas de Cristo. Conta a história que o rei Salomão gastou em seu reinado
cerca de cem mil talentos de ouro e um milhão de talentos de prata para a
construção de um templo em homenagem a Deus. Foi um dinheirão para a época!
Nos tempos atuais e no atual dicionário corporativo, a palavra
talento logo nos lembra alguém com grande inteligência, extremamente hábil ou
com alguma aptidão notável.
Mas a pergunta que não quer calar é: Só talento basta?
Não. É um grande erro acreditar que uma pessoa só será a
grande solução para os problemas da sua empresa. Descobrir e saber usar o seu
talento é o que realmente faz a diferença. É preciso conhecimento e bom uso
dos seguintes pontos.
Talento é diferente de dom. Dom é algo todo seu e um presente
que a vida lhe deu. É uma aptidão natural, genuína e que o distingue das
demais pessoas sem muito esforço. É mais notado nas artes, músicas e
esportes, mas também podemos pensar nas pessoas que parecem que nasceram para
liderar, negociar ou vender. Dom é um talento nato, mas nem todo talento é um
dom. É bom deixar claro que todos têm talento ou alguns talentos, mas que
esses talentos precisam ser descobertos e, principalmente, desenvolvidos. Os
iluminados são os que desenvolvem e aperfeiçoam constantemente seus dons,
esses são quase imbatíveis, mas não são a maioria.
Iniciativa e criatividade. Talento sem ação não gera
realização. São suas iniciativas que abrem portas para novas oportunidades. A
iniciativa é um dos ingredientes que não pode faltar na receita dos
vencedores. O verdadeiro talento não fica à espera de que as coisas
aconteçam, cria soluções, agrega valor ao ambiente e sabe que velhas soluções
não são mais a garantia de sucesso no presente. O talento não tem preguiça,
nem medo de ser feliz. Pessoas talentosas, mas sem iniciativa e criatividade
se consideram injustiçadas e de pouca sorte. Pessoas pouco talentosas, mas
com iniciativa e criatividade assumem a responsabilidade pela sua própria
vida e não ficam à espera da oportunidade passar. Elas criam uma.
Foco e execução. Para a grande maioria das pessoas sob todos
os aspectos ter foco não é algo natural e de fácil execução. No campo
emocional, poucos são os que têm o foco nas coisas de forma positiva e
acreditam verdadeiramente que pode dar certo. A maioria parece já nascer
conformada quando tudo dá errado. No campo corporativo, foco é lidar com o
que mais importa e execução é descobrir maneiras para fazer acontecer. O
talento deve ter poucas metas e atividades, mas é importante se entregar de
corpo e alma na execução dessas tarefas. Saber dizer não quando necessário e
terminar as atividades que se propõe a fazer. Ter talento não o qualifica a
fazer várias coisas ao mesmo tempo, pois ao final os resultados podem depor
contra você.
Relacionamento e Equipe. O talento pode ganhar um jogo, mas
não ganha o campeonato. O talento nasceu para servir, não para ser servido.
Veio ao mundo para cooperar, compartilhar, ensinar e aprender. Sente prazer
em se relacionar com outras pessoas e sabe que ninguém na história mundial
fez algo sem uma grande equipe do lado. Talento acompanhado de arrogância é
um passo para o fracasso. Uma pessoa talentosa, que não se relaciona com as
pessoas certas e não faz uso do poder da equipe, é só uma promessa.
Integridade e responsabilidade. Vale a pena ter um craque de
bola, mas que vive na balada, perde treinos e desagrega a equipe? Talento sem
honestidade e caráter de nada vale. A irresponsabilidade e falta de
integridade afundam empresas, acaba com qualquer carreira e não sustenta o
sucesso a longo prazo. Não vale a pena mascarar o talento, encobrir seus
defeitos ou varrer os problemas para debaixo do tapete porque alguém faz algo
muito melhor do que o outro. Manter uma pessoa talentosa na empresa que seja
irresponsável e desonesta é como guardar uma bomba relógio que a qualquer
hora pode explodir e destruir o alicerce de qualquer estrutura.
Aprendizado permanente. Aqueles que se julgam talentosos têm
um sério problema: gostam de aprender, mas não gostam que ensinem. Por saber
muito e por ter consciência disso pensam que são poucos os que sabem mais do
que ele. O verdadeiro talento é humilde na hora de aprender e ensinar. Faz do
aprendizado uma forma de vida e sabe que sempre existe alguém que sabe mais
do que ele em determinado assunto e não sente necessidade de ser um
especialista ou ter opinião formada sobre tudo. Compreende que seus talentos
precisam sempre ser lapidados e que crescer na carreira e na vida é sempre
uma conseqüência de boas ações no presente. Não vive se lamentado do passado
ou sonhando com o futuro.
A chave de tudo é saber que o presente é sempre o momento
certo para aliar talento e ação, teoria e prática e assim ser o grande
criador do enredo da sua própria vida.
|
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
Frugalidade
Neste último mês, tivemos mais uma edição da versão brasileira da “Black Friday” americana, aquele evento comercial apoteótico, que marca o início do período que vai até o Natal, em que o comércio “tira a barriga da miséria”.
A Black Friday brasileira foi, mais uma vez, motivo de chacota, tanto aqui quanto no exterior. Aqui não faltaram apelidos jocosos como “black fraude” e iniciativas diversas, tanto da mídia quanto independentes, para tentar “monitorar” comportamentos suspeitos e promoções falsas dos comerciantes que participavam da promoção.
Lá fora, a Black Friday tupiniquim também chamou a atenção. A matéria que teve maior repercussão aqui foi a da revista Forbes, com o título "In U.S., Black Friday About Deals; In Brazil Black Friday About Fraud" (Nos EUA, a Black Friday representa negócios; no Brasil, a Black Friday representa fraude).
O autor da reportagem foi particularmente duro e incisivo com a passividade bovina do consumidor brasileiro típico, ao dizer que, diferentemente dos americanos, que conhecem seus direitos de consumidor e até abusam deles, nós brasileiros, “se somos atropelados, aguentamos firme e sorrimos” (e, aqui entre nós, é a pura verdade).
Nós toleramos “black fraude”, assim como toleramos péssimos serviços, produtos com preços “n” vezes mais caros que os praticados fora do país, taxas de juros indecentes, impostos que não geram nenhum retorno e por aí vai. Nós reclamamos, resmungamos… Mas não vamos muito além disso. No fundo, já aceitamos a regra do jogo. Nós estamos sendo diariamente atropelados há anos, e nossa reação é resmungar, aguentar firme e sorrir…
Um corpo em movimento tende a permanecer em movimento e, se nada for feito, as coisas não vão mudar espontaneamente. Está mais do que na hora de o consumidor brasileiro reagir. Aliás, reagir não, se VINGAR.
Nos EUA (ironicamente, os criadores da Black Friday), um tema que está se tornando “da moda” no universo das finanças pessoais é a frugalidade. Viver de forma mais simples, tentar fazer mais com menos e ser um consumidor mais consciente.
O consumidor consciente e frugal é o pesadelo do empresário inescrupuloso, do banqueiro oportunista e do político que quer manter a economia aquecida artificialmente. Quer se vingar deles? Então seja frugal. Simplifique a sua vida e consuma menos.
Quer se vingar do empresário que pratica preços abusivos, mas convenientemente choraminga pelos cantos, colocando a culpa de tudo nos impostos e no “custo Brasil”? Que tal parar de alimentar esse ciclo com seu dinheiro ou, pior, com seu crédito?
Quer se vingar dos bancos e das instituições financeiras que praticam taxas altíssimas? Existem muitos motivos para as taxas serem tão altas, mas um desses motivos é que, simplesmente, as pessoas topam pagar…
O que aconteceria se, de um dia para o outro, todas as pessoas resolvessem só gastar aquilo que elas realmente têm? Provavelmente, algo teria que mudar.
O que aconteceria se, de um dia para o outro, todas as pessoas resolvessem só gastar aquilo que elas realmente têm? Provavelmente, algo teria que mudar.
Tudo indica que 2014 será um ano bastante movimentado. Teremos Copa do Mundo, eleições… Nossa economia vem emitindo sinais estranhos, mas ao mesmo tempo teremos muitas “distrações” ao longo do ano que vem. É preciso ficar de olho e, mais que isso, é preciso uma mudança de atitude.
Aliás, esse tema da “frugalidade” provavelmente será bastante explorado. É hora de simplificar a vida… E, se possível, consumir menos!
2014: Vai faltar tempo?
Ano que vem com certeza será um ano atípico como
raramente tivemos nesse País. Teoricamente teremos no ano 253 dias úteis. Porém
com eventos como a Copa e Eleições pode ter certeza que dias úteis de fato
serão menos.
Provavelmente para resolver problemas de
mobilidade urbana, teremos “feriados” durante os jogos para evitar trânsito. As
empresas vão evitar ao máximo, eventos, reuniões ou treinamentos durante esses
períodos mais críticos.
Se já falta tempo para as pessoas com um ano com
todos os dias úteis, imagina como será o próximo ano. Nunca se fez tão
necessário saber escolher o que realmente precisa ser feito e aquilo que
simplesmente não dá e precisa sair da lista.
Todas as empresas, executivos e colaboradores
precisam pensar em 2014 com esse espírito de seleção e prioridade. Pois será a
única forma de fazer o ano render sem tantos percalços. Pare e discuta o que
realmente será importante, quando chegar a um consenso corte um pouco dessa
lista. É melhor ser pessimista nesse caso e concluir do que ser otimista e
morrer de urgências.
Fora isso ainda tem um cenário na economia que
não parece tão favorável. Com juros, inflação e cambio em alta. Tempo e
dinheiro serão fatores determinantes no próximo ano. Tenho ouvido muita gente
falar sobre seus planos financeiros para 2014, só espero que não vire uma
promessa de ano novo.
Persistência X Teimosia
Dizem que Thomas Edson só conseguiu descobrir um filamento elétrico que deu origem a Lâmpada após a milésima tentativa. Segundo consta ao ser perguntado como se sentia após tantos fracassos, a sua resposta teria sido: “Não fracassei, apenas descobri mais de mil maneiras que não dão certo”.
Não sei se foi exatamente isto. A frase pode ter sido um pouco pra lá um pouco pra cá. Quer saber a minha opinião? Ele nunca falou isto. Pouco importa. A frase já foi repetida milhares de vezes que serve como exemplo.
Thomas Edson era teimoso ou persistente?
Agora é fácil responder. Claro que ele era persistente. Ele sabia onde ia chegar.
No caso dele acho que sim mas, e no seu caso?
Todos os dias escuto e leio que temos que persistir, acreditar, insistir, ir atrás, não desistir nunca e uma série de outros ensinamentos, todos com a mesma conotação.
Imagino que muitos façam isto e alcancem seus objetivos. O problema são os outros milhões de pessoas que insistem em causas perdidas e só perdem tempo, dinheiro e esperança.
Novamente volto a insistir na importância de se ter atitude. Desistir não é pecado. Reconhecer que errou, menos ainda. Perceber que não vai dar certo e mudar o rumo, muito menos.
O problema é que somos tão infestados de chavões que nos vemos na obrigação de acreditar neles como se todos fossem verdades. Não são. Servem para uns. Não servem para outros. Como por sinal, tudo na vida.
Se achar que é melhor desistir, faça isto. Com convicção. Com maturidade. Avalie o que já fez e seja sincero com você mesmo. Vale a pena continuar insistindo em algo que não está dando certo?
Lógico que existe um longo caminho para atingir objetivos e em muitos momentos somos instigados a desistir por “perder” a esperança. Isto acontece com quase todo mundo em algum momento da vida. Não desista de um sonho ou projeto que esteja caminhando ainda que lentamente. Não desista de algo, se vir objetivamente possibilidade real de sucesso.
Desista do que já não compensa mais. Desista de
sonhos que não lhe satisfazem mais. De lutar por causas que não tem mais
significado. As coisas mudam. Você tem todo o direito de perceber que é melhor
parar e assumir que não deu certo. Não ir até o fim não é o pecado mortal de
todos e de tudo. Absorver prejuízos faz parte dos negócios. Todos algum dia
perdem.
Por
vezes ouço pessoas inteligentes e pelas quais tenho o maior respeito que
afirmam categoricamente: “Já perdi tanto tempo e dinheiro que agora vou até o
fim custe o que custar, mesmo que perca tudo”.
Qual
a vantagem nesta afirmação? Mostrar que tem coragem? Tem palavra? Provar para
os outros que não desiste? Pra que? O que vai ganhar com isto? Admiração?
De quem?
Adoro
empreendedores. Gente que faz. Que acredita. Que luta. Que batalha pelo que
julga certo.
São
pessoas sensacionais em sua grande maioria com certeza. Só que eles também
erram. Desistem de ideias que não dão certo e vão em busca de outras. O que é
ótimo.
Eu
sei que é muito difícil saber onde morre a persistência e onde nasce a
teimosia. Não tenho a resposta e nem a pretensão de afirmar como seria. Apenas
peço que tenha equilíbrio nas suas decisões. Se for continuar, faça-o com
firmeza e determinação. Se resolver parar, tenha certeza de que foi até onde
era possível e que isto não indica em hipótese alguma que outras frentes não se
abrirão.
Faça
o melhor que puder. Não importa se vai insistir ou desistir, desde que tenha
dado o seu melhor. Faça isto com atitude e a melhor resposta aparecerá.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Lamentações = Desmotivação
Li certa vez um artigo com o título Lamento
Borincano, baseado em uma canção latina que conta a história de um
campesino que vai todo feliz para a cidade vender suas mercadorias. No caminho
faz planos maravilhosos para a família e para o lugar onde vive, já contando
com os belos resultados das vendas que conseguiria. Porém, não vende nada, a
canção não explica o porquê do seu fracasso como vendedor. Volta melancólico,
lamentando a falta de sorte. Ou seria sua incompetência em colocar produtos no
mercado? A música pode ser ouvida no YouTube, inclusive cantada por Caetano Veloso e é de uma choradeira só. O autor do
artigo discorre sobre a atitude dos latinos americanos que frente às
dificuldades da vida gastam tempo e energia em intermináveis lamúrias a espera
que um poder maior resolva seus problemas, em vez de focar na solução. Poderes
representados por governos, instituições, políticos ou entidades
sobrenaturais.
Há pouco tempo deparei-me com um ditado
popular muito utilizado nos países escandinavos: “Não existe tempo ruim, a
roupa é que é inadequada.” Procurei saber mais sobre o conceito desta expressão
e descobri que ela quer dizer: adapte-se às condições do tempo, esteja ele
congelando ou não. Isto é, foque na resolução dos seus problemas em vez de
ficar em casa reclamando que lá fora está frio. O povo nórdico não fica se
lamentando da difícil vida que leva, sabe que se não resolver seus problemas de
forma prática poderá morrer de frio, então vai à luta com determinação, não se
importando com as condições adversas.
Por outro lado, nós latinos, com toda a
natureza a nosso favor - sol, água, terras boas, recursos minerais abundantes e
rica biodiversidade -, gostamos de ficar lamentado nossas dificuldades e pouco
fazemos para resolvê-las. Lamúrias parecem fazer parte do nosso DNA.
Lamentar-se ao invés de agir é uma forma de viver, um alívio psicológico contra
as mazelas do dia a dia. Comemos o fruto proibido, fomos expulsos do paraíso e
agora só nos resta reclamar. A choradeira latina acaba de transformando em uma
espécie de bálsamo, uma justificativa para não se fazer nada, um convite à
preguiça e ao deixe estar que tudo se resolverá sozinho.
Em quase todas as empresas em que presto
consultoria ou realizo workshops, escuto tanto por parte das diretorias quanto
dos funcionários - geralmente vendedores - uma ladainha interminável de
lamentações e choros para justificar a falta de ação. Os culpados são sempre os
outros: vendedores reclamam falta de apoio, de amostras, de bons planos para
negociação, de entregas, de bons produtos e da atenção dos seus supervisores.
Patrões reclamam falta de compromisso, de interesse no trabalho e de
agressividade nas abordagens de vendas. Administradores reclamam falta de
equipamentos, de processos, de sistemas e de verba. Tudo vira um grande muro
das lamentações, sem que ninguém aja para se fazer algo de útil e prático em
prol das causas comuns.
Não fizemos a assistência ao cliente porque
não tínhamos a peça. Não arrumamos a estrada porque não é da nossa
responsabilidade. Joguei lixo no chão porque não tinha recipiente para
colocá-lo. É sempre assim, vemos as coisas erradas na empresa, no governo, na
polícia, no trânsito, nas escolas e, em vez de agir para solucioná-las nos
entregamos às lamentações, carpideiras do cotidiano.
Costumamos apresentar desculpas para tudo: Não
fui ao curso porque estava chovendo. Não estudei porque não tive tempo. Não
arrumei tal coisa porque o homem não veio...
Essa maneira de pensar e agir são suscetíveis
a muitos equívocos emocionais para ser considerado um padrão de avaliação
confiável para a vida. Comumente é pessimista. Considerando uma determinada
situação como sendo muito difícil de ser superada, imagina-se que não haja
solução para tal. Mas sempre há.
O cansaço pode matar a inovação
Empresas já se conscientizaram de que sua
rotina de produção (e não de trabalho) estava bitolando seus empregados — e
afetando diretamente os negócios — e decidiram mexer em sua estrutura. Veja a
seguir como exigir menos das pessoas e conseguir mais.
Rotinas de produção
No passado, quando tinha dificuldade de
achar os trabalhadores fora do expediente de trabalho, o chefe precisava
garantir que as 8 horas da jornada fossem realmente produtivas. Agora, afirma
Jennifer Deal, pesquisadora do Center for Creative Leadership e da Universidade
do Sul da Califórnia, “o lado sombrio da conectividade 24 x 7 (24 horas, nos
sete dias da semana) é que as pessoas estão sempre ligadas, mas nunca
terminam nada”.
Em entrevista, a pesquisadora diz que
alguns profissionais não têm tempo para parar e pensar profundamente no que
devem fazer. “Muitos sentem como se estivessem sempre correndo para apagar
incêndios, mais do que sendo estratégicos em sua função”, ela diz.
Segundo Neuza Chaves, líder de projetos
na Falconi Consultores de Resultado, uma das mais importantes consultorias de
negócios do país, o que leva as pessoas a viver apagando incêndios são as
“rotinas ruins”.
Isso pode estar associado a gente demais
envolvida na tomada de decisão, mudança constante de direcionamento por parte
dos líderes, processos malfeitos (excesso de e-mails e relatórios, reuniões
desnecessárias, planejamento fraco) e computadores e sistemas lentos.
Essa morosidade emperra a produtividade e
espanta os talentos da empresa. Em média, diz Neuza, apenas 17% da capacidade
de um profissional é aproveitada. “É como se a empresa comprasse uma Ferrari e
só usasse a primeira marcha”, diz ela.
O desperdício de inteligência e
criatividade faz com que fique cada vez mais difícil uma companhia sobreviver à
nova fase do capitalismo — prevista porShoshana Zuboff, professora aposentada
da Harvard Business School e conhecida como “a profeta da era da informação”
desde que publicou, ainda em 1989, as oportunidades e os riscos da revolução
digital.
No capitalismo de Shoshana, chamado de “A
economia de apoio”, as pessoas não aceitam mais ser tratadas como objeto. Elas
continuam dependendo do trabalho — e do consumo — para viver, mas almejam ser
vistas como indivíduos, ser ouvidas e fazer a diferença.
A nova era já começou, mas os empregados
amadureceram antes das empresas. “As companhias ainda vivem o paradigma da
Revolução Industrial, época em que só interessava produzir, produzir, produzir”,
afirma Odair Silva Soares, economista e professor da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo.
Forma de trabalhar
A primeira recomendação da Falconi
Consultoria é melhorar a rotina da corporação. Isso porque, quanto mais estável
o ambiente, mais tranquilidade os funcionários têm para pensar. “Nossa
experiência mostra que, estabilizada a rotina, surgem as melhorias e, depois, as
inovações”, diz Neuza Chaves.
Para ela, uma boa rotina
começa com o conhecimento técnico que os empregados têm da área. “Se alguém tem
dificuldade para explicar o que faz, algo está errado”, afirma. O próximo passo
é identificar o fluxo das atividades e os processos críticos. Mapeados, os
procedimentos devem ser escritos; e as pessoas, treinadas.
A 3M,
reconhecida mundialmente por sua capacidade de inovação, usa nas áreas de apoio
(inclusive em recursos humanos) metodologias originalmente criadas para a
fábrica, como a Lean Manufacturing (também chamada de Sistema Toyota de
Produção) e a Six Sigma.
A primeira foca na redução dos
desperdícios, enquanto a segunda busca a eliminação dos erros. Quando aplicadas
no escritório, afirma o diretor de RH André Scatolin, as disciplinas fazem com
que o empregado vá direto ao ponto e procure as pessoas certas, na hora certa.
“É uma forma de diminuir as atividades redundantes, liberando tempo para
pensarmos no que importa”, diz ele.
Uma das inovações aconteceu dentro da
própria área de RH. Ao descobrir que cada subárea realizava a tarefa de um
jeito, havia redundância de assinaturas e o trabalho demorava a ser finalizado,
a equipe de gestão de pessoas criou um call center para receber e direcionar as
demandas dos clientes internos.
Quando um gestor quer promover alguém,
por exemplo, ele liga para a central de atendimento, que encaminha o pedido,
seguindo processos padronizados. “O que antes o gestor levava 1 hora para
resolver agora o faz em 1 minuto”, diz Scatolin. O “Fale com o RH” acabou
virando referência para outras subsidiárias da 3M na América Latina.
Abra espaços
Corrigida a rotina, a
corporação deve criar uma agenda sistemática de inovação, promovendo reuniões a
cada 15 dias, pelo menos. “Funciona como uma academia, mas, em vez de fortalecer o físico, as pessoas
exercitam a capacidade de indagar e resolver”, explica a consultora da
Falconi.
É isso o que tem feito a
fabricante de cosméticos Natura, que neste ano ocupou a décima posição no
ranking de instituições mais inovadoras do mundo, segundo a revista Forbes. Desde dezembro de 2012, a companhia promove
as Festas do Futuro, um espaço colorido e agradável onde qualquer empregado, de
qualquer área ou cargo, pode comparecer e contribuir com ideias.
A festa acontece toda
quinta-feira, das 9 às 13 horas, e os presentes ficam o tempo que desejar. “O
participante senta-se à mesa cujo tema mais lhe interessa e todos conversam
livremente. O próprio grupo define quem direcionará a discussão e quem fará o
registro — a única exigência do encontro”, diz Gilson Manfio, gestor de
ciências e inteligência de redes da Natura e coordenador das Festas do Futuro.
Graças a esses encontros, a Natura
conseguiu lançar um xampu no mercado em apenas três meses, envolvendo
exclusivamente a equipe interna. “Normalmente, isso levaria mais tempo, pois
teríamos de contratar uma agência de publicidade, passar as informações,
desenvolver a campanha etc.”, afirma o executivo.
Em outra festa, a Natura reuniu 115
mulheres, de 26 áreas diferentes, para discutir a linha Mamãe & Bebê: de novos
produtos a inserção de campanhas, a empresa obteve mais de 120 ideias.
Além dos resultados concretos, a Festa do
Futuro melhorou a interação entre os funcionários. Pessoas de diferentes áreas, que geralmente não
se conectariam, passaram a interagir para a execução de projetos. “Percebemos
que há uma demanda reprimida nas corporações: as pessoas querem contribuir para
a inovação, mas isso geralmente fica fechado em uma área específica”, diz
Manfio.
Para desmitificar o processo de geração
de ideias, o laboratório Sabin, de Brasília, decidiu abrir seu Núcleo de
Inovação para todos os empregados. Até cinco anos atrás, ele era restrito à
produção científica, mas a diretoria rapidamente percebeu que, além de questões
técnicas, a inovação abrange assuntos financeiros, gerenciais e de mercado.
Hoje, uma equipe de dez pessoas coordena
o núcleo, mas os demais funcionários podem mandar sugestões por e-mail ou
sistemas internos de comunicação. Ocasionalmente, são chamados a
participar dos projetos. “Inovar é correr riscos. Muitas vezes o resultado não
é o esperado, mas a organização precisa estar sempre discutindo esse assunto”,
diz Sandra Costa, sócia e diretora técnica do laboratório.
Para ela, o segredo é entender que a
inovação não tem necessariamente de gerar algo revolucionário. Pode apenas
significar uma nova maneira de trabalhar. Por exemplo, em vez de realizar
treinamentos presenciais para as equipes nos seis estados onde o laboratório
está presente, o Núcleo de Inovação sugeriu aulas virtuais. A ferramenta de
e-learning já conta com 25 000 horas de conteúdo, disponível para os 1 200
empregados do Sabin.
A solução gerou uma economia de 300 000
reais apenas no custo de deslocamento que a empresa teria caso levasse o
treinamento para cada um dos estados. Também como fruto do Núcleo de Inovação,
o Sabin criou um aplicativo que possibilita aos pacientes visualizar os
resultados de seus exames pelo celular ou tablet.
Com o AppSabin, o laboratório reduziu o
uso de papel, diminuiu o número de clientes nos balcões de atendimento e
agilizou o atendimento aos pacientes. Hoje, 43% dos laudos são retirados pela
internet — uma economia de mais de 500 000 reais por ano.
Invista no espaço físico
Além da abertura para os indivíduos exporem suas
ideias, as companhias devem trabalhar seus espaços físicos — e aí é preciso
tomar muito cuidado para separar o que não passa de um lugar moderno daquele
que é realmente eficiente.
Não adianta apenas derrubar divisórias e
aproximar equipes sem ter uma planta adequada e um propósito de trabalho. Um
estudo publicado no Jornal Escandinavo de Trabalho, Ambiente e Saúde mostra que
os funcionários alojados em escritórios abertos ficam, em média, 62% mais
doentes do que os instalados em salas individuais.
Isso porque os vírus e as bactérias se
espalham facilmente nesses lugares, e a falta de privacidade, o barulho e a
temperatura elevam o nível de estresse dos indivíduos — contribuindo para as
doenças. As conversas constantes distraem os trabalhadores, baixando a motivação
e impactando na produtividade. “Toda vez que alguém é interrompido, a mente
demora 64 segundos para retomar a atividade”, diz o psiquiatra Frederico Porto.
Dificilmente as empresas retornarão ao
layout fechado, mas é importante oferecer opções para quem precisa se
concentrar. No escritório do Google em
São Paulo, por exemplo, além de salinhas individuais, os empregados podem se
retirar para a varanda, na cobertura, sentar numa das espreguiçadeiras e
produzir tranquilos.
Outra opção, incentivada na Semco,
fabricante de máquinas industriais, é que os funcionários fiquem em casa quando
precisam de silêncio. “Os ambientes funcionam como metáfora e mostram às
pessoas como elas devem se comportar”, diz Neuza Chaves, consultora da Falconi.
Uma decoração colorida deixa claro que a corporação quer as pessoas alegres,
livres para conversar e parar para um cafezinho — onde nascem muitas ideias. O Google
é mestre (e referência) nisso.
Inspire a liderança
Não adianta nada mexer no layout do escritório
e melhorar as rotinas de trabalho se os líderes continuam tratando seus
funcionários como máquinas de cumprir prazos e bater metas. É deles a
responsabilidade de gerar confiança e oferecer autonomia para que os
profissionais se sintam livres para expor suas opiniões e ideias.
Ícone de um estilo de gestão de
vanguarda, a Semco se apoiou nos principais líderes para disseminar sua
preocupação com inovação. Quando ninguém falava sobre isso, em 1984, Ricardo
Semler, então superintendente da empresa, eliminou o vigia dos relógios de
ponto, a revista dos funcionários e o controle de qualidade.
Ele estabeleceu um contrato de confiança
e deu, assim, espaço e liberdade para as pessoas criarem. “O
básico é você dar responsabilidade para o funcionário, fazer com que ele se
sinta parte importante do negócio, independentemente se é do setor de limpeza
ou da contabilidade, um operário ou um diretor”, diz José Alignane, presidente
da unidade de equipamentos industriais e de equipamentos de refrigeração da
Semco.
Essa responsabilidade faz com que o time
entenda que um parafuso errado pode causar um acidente lá na ponta. Para
garantir esse senso de importância, todos na Semco são tratados da mesma forma,
sentam em mesas do mesmo tamanho e concorrem igualmente no sorteio da melhor
vaga do estacionamento — antigamente destinada ao presidente.
Mensalmente, os presidentes mostram ao
time os dados financeiros da companhia. E, até hoje, qualquer um, do diretor ao
operador de máquina, consegue negociar com o chefe e chegar mais cedo ou mais
tarde ao trabalho, conforme a necessidade. “Tudo é baseado na confiança, e isso
reflete na produtividade”, diz Rodrigo Oliveira, presidente da unidade de
soluções em agitação da Semco.
Para garantir a inovação, dizem os dois
presidentes, os executivos precisam realmente querer que a companhia funcione
de forma mais justa, distribuindo responsabilidades e confiando nas pessoas. Do
contrário, seus funcionários serão meros cumpridores de deveres; e sua companhia,
uma máquina de produzir zumbis — e desperdiçar dinheiro.
Em 2014, seja S.M.A.R.T.
Ano novo combina com as famosas listas ou resoluções tomadas no sentido de melhorar nossas vidas. Parte delas parece depender somente de nossa vontade, como no caso de reservar mais tempo para os amigos e para a família ou dedicar-se mais a um hobby. Outras implicam algum tipo de sacrifício, somente justificado pelo bem estar que podem produzir – esse é o caso de parar de fumar, começar a exercitar-se diariamente ou ainda – talvez a resolução mais comum – iniciar uma dieta.
Qualquer que seja o tipo de decisão, a admissão do fracasso que permeia as conversas com amigos e colegas no final do ano. De forma acalorada, fórmulas de sucesso garantido surgem: a mais comum delas recomenda que se guarde em segredo as resoluções elaboradas. Ora, o único sucesso atrelado a essa atitude é o fato de preservar o autor de uma eventual prestação de contas!
Mas antes que você, leitor, interrompa a leitura deste artigo, perguntando-se a razão de abordar um tema tão banal numa coluna que fala sobre gestão, pessoas, diagnósticos, monitoramentos e mensuração em RH, peço alguns minutos para explicar o paralelo sugerido.
Comecei a preparar esse texto trabalhando sobre as propriedades que os indicadores utilizados pela pesquisa na comunicação corporativa devem ter. E, à medida que avançava, percebi a similaridade entre os aspectos que contribuem para explicar o sucesso ou fracasso das resoluções de ano novo e aqueles que dificultam o entendimento dos resultados obtidos no mundo corporativo.
Não existem resoluções – ou metas – que possam sustentar-se sem a noção exata dos recursos de que dispomos para a realização, o perfeito conhecimento do ponto de partida, o estabelecimento do ponto de chegada e dos parâmetros que serão utilizados para monitorar o percurso, permitindo correções de rumo. Para tanto é necessário apoiar-se em indicadores, marcos que têm propriedades específicas e que devem ser caracterizados, em um acrônimo elaborado por profissionais franceses, pelo atributo “SMART”. Um (bom) indicador, deve portanto ser:
Singular, ou seja, não há outro similar
Mensurável: deve poder ser avaliado, indicando se a meta foi ou não atingida
Atingível (ou aceitável): expressa a ideia de que se parte de um ponto
conhecido em direção a uma meta razoável, em função dos meios de que se dispõe
Realista: utiliza os recursos de que dispõe a empresa, levando em conta as eventuais limitações, para atingir um objetivo
Tempo definido: determina o início, o momento do monitoramento e o da avaliação
Qualquer que seja o tipo de decisão, a admissão do fracasso que permeia as conversas com amigos e colegas no final do ano. De forma acalorada, fórmulas de sucesso garantido surgem: a mais comum delas recomenda que se guarde em segredo as resoluções elaboradas. Ora, o único sucesso atrelado a essa atitude é o fato de preservar o autor de uma eventual prestação de contas!
Mas antes que você, leitor, interrompa a leitura deste artigo, perguntando-se a razão de abordar um tema tão banal numa coluna que fala sobre gestão, pessoas, diagnósticos, monitoramentos e mensuração em RH, peço alguns minutos para explicar o paralelo sugerido.
Comecei a preparar esse texto trabalhando sobre as propriedades que os indicadores utilizados pela pesquisa na comunicação corporativa devem ter. E, à medida que avançava, percebi a similaridade entre os aspectos que contribuem para explicar o sucesso ou fracasso das resoluções de ano novo e aqueles que dificultam o entendimento dos resultados obtidos no mundo corporativo.
Não existem resoluções – ou metas – que possam sustentar-se sem a noção exata dos recursos de que dispomos para a realização, o perfeito conhecimento do ponto de partida, o estabelecimento do ponto de chegada e dos parâmetros que serão utilizados para monitorar o percurso, permitindo correções de rumo. Para tanto é necessário apoiar-se em indicadores, marcos que têm propriedades específicas e que devem ser caracterizados, em um acrônimo elaborado por profissionais franceses, pelo atributo “SMART”. Um (bom) indicador, deve portanto ser:
Singular, ou seja, não há outro similar
Mensurável: deve poder ser avaliado, indicando se a meta foi ou não atingida
Atingível (ou aceitável): expressa a ideia de que se parte de um ponto
conhecido em direção a uma meta razoável, em função dos meios de que se dispõe
Realista: utiliza os recursos de que dispõe a empresa, levando em conta as eventuais limitações, para atingir um objetivo
Tempo definido: determina o início, o momento do monitoramento e o da avaliação
Estes cinco pontos resumem propriedades que traduzem a pertinência e transparência das metas adotadas em sua área, empresa ou departamento, além de contribuir decisivamente para a comunicação de seus resultados.
A dica vale também para as suas resoluções de Ano Novo! Mesmo que os resultados não sejam garantidos, você terá adquirido um conhecimento importante sobre as razões que impediram que você atingisse suas metas. Faltaram meios? Desconhecia-se o patamar inicial? Ou, simplesmente, você não foi realista?
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
"Não trabalhamos com milagres, favor não insistir"
Os mandatos que tenho visto nos últimos meses
deixam muito claro que o ano de 2013 – mesmo que ainda não terminado – não será
um ano de resultados espetaculares e nem de forecasts facilmente alcançados. Isto faz
com que investidores, eventualmente frustrados, busquem substituição de
executivos que não performaram bem nos últimos tempos ou ainda que não
demonstraram ter o perfil sólido suficiente para momentos difíceis.
Nada mais justo. Porém com este movimento,
podemos sentir uma tendência da busca de compensações mirabulosas para os
resultados não atingidos: ampliar o market share e manter
a margem alta; equilibrar com perfeição as ações de curto prazo que garantem a
rentabilidade, com as ações de longo prazo que garantem a perenidade do
negócio; traçar o destino de unidades de negócio não rentáveis mas que são
sentimentalmente significativas ao fundador da empresa.
Não tem jeito. Atuar no mundo corporativo requer
este tipo de malabarismo. Mas eu disse malabarismo e não ilusionismo.
Nesta analogia, o malabarista faz algo muito improvável dar certo com sua rara
habilidade. O ilusionista não. Ele parece fazer algo improvável dar certo, mas
que no fundo não passa de um truque.
E quando pensamos na gestão de empresas, os truques dos ilusionistas podem sair
bem caro. E geralmente não só para ele.
É claro que com a exacerbada pressão diária que
executivos recebem (dos conselhos, dos sócios, dos clientes, da equipe, da
comunidade, etc) muitas vezes achar a mágica certa para impressionar os olhos
atentos dos stakeholders pode parecer um caminho para aliviar o
peso nos ombros; mas é um atalho muito arriscado.
Acredite, muitas vezes é preciso ter a
habilidade para dizer: “não trabalho com milagres, favor não insistir”.
E se você for hábil suficiente nesta
comunicação, com certeza ganhará uma credibilidade incrível junto a quem
receber a notícia. E isto não alivia a carga não, pois tenha certeza de que –
mesmo dizendo que não existem milagres – você terá que se empenhar em fazer
algum malabarismo para lidar com a situação.
No mundo dos negócios não existem milagres e por
isso se você for contratar algum executivo que lhe oferecer uma fórmula mágica
de solução de problemas complexos, desconfie de que na verdade é um ilusionismo
e que quando você descobrir qual é o truque, ficará muito decepcionado (para
utilizar um termo leve).
Esqueça os mágicos e os milagreiros, busque os
bons malabaristas dos quais você consegue acompanhar a performance de perto.
Com os malabaristas, mesmo impressionado, você verá que a performance é real.
Apesar que preciso dizer que existem muitos “malabaristas executivos” que
realmente se assemelham mais a mágicos. Se você for um executivo que sabe
performar atos como estes, saiba que seu sucesso está garantido.
E quando digo sucesso não me refiro a hoje.
Sucesso na carreira é no hoje, no amanhã e depois.
Assinar:
Postagens (Atom)