segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

"Não trabalhamos com milagres, favor não insistir"

Os mandatos que tenho visto nos últimos meses deixam muito claro que o ano de 2013 – mesmo que ainda não terminado – não será um ano de resultados espetaculares e nem de forecasts facilmente alcançados. Isto faz com que investidores, eventualmente frustrados, busquem substituição de executivos que não performaram bem nos últimos tempos ou ainda que não demonstraram ter o perfil sólido suficiente para momentos difíceis.
Nada mais justo. Porém com este movimento, podemos sentir uma tendência da busca de compensações mirabulosas para os resultados não atingidos: ampliar o market share e manter a margem alta; equilibrar com perfeição as ações de curto prazo que garantem a rentabilidade, com as ações de longo prazo que garantem a perenidade do negócio; traçar o destino de unidades de negócio não rentáveis mas que são sentimentalmente significativas ao fundador da empresa.
Não tem jeito. Atuar no mundo corporativo requer este tipo de malabarismo. Mas eu disse malabarismo e não ilusionismo. Nesta analogia, o malabarista faz algo muito improvável dar certo com sua rara habilidade. O ilusionista não. Ele parece fazer algo improvável dar certo, mas que no fundo não passa de um truque.
E quando pensamos na gestão de empresas, os truques dos ilusionistas podem sair bem caro. E geralmente não só para ele.
É claro que com a exacerbada pressão diária que executivos recebem (dos conselhos, dos sócios, dos clientes, da equipe, da comunidade, etc) muitas vezes achar a mágica certa para impressionar os olhos atentos dos stakeholders pode parecer um caminho para aliviar o peso nos ombros; mas é um atalho muito arriscado.
Acredite, muitas vezes é preciso ter a habilidade para dizer: “não trabalho com milagres, favor não insistir”.
E se você for hábil suficiente nesta comunicação, com certeza ganhará uma credibilidade incrível junto a quem receber a notícia. E isto não alivia a carga não, pois tenha certeza de que – mesmo dizendo que não existem milagres – você terá que se empenhar em fazer algum malabarismo para lidar com a situação.
No mundo dos negócios não existem milagres e por isso se você for contratar algum executivo que lhe oferecer uma fórmula mágica de solução de problemas complexos, desconfie de que na verdade é um ilusionismo e que quando você descobrir qual é o truque, ficará muito decepcionado (para utilizar um termo leve).
Esqueça os mágicos e os milagreiros, busque os bons malabaristas dos quais você consegue acompanhar a performance de perto. Com os malabaristas, mesmo impressionado, você verá que a performance é real. Apesar que preciso dizer que existem muitos “malabaristas executivos” que realmente se assemelham mais a mágicos. Se você for um executivo que sabe performar atos como estes, saiba que seu sucesso está garantido.
E quando digo sucesso não me refiro a hoje. Sucesso na carreira é no hoje, no amanhã e depois.

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