quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Eu falo, você fala e ninguém escuta

Não quero que você entenda mal o título. Aqui não se trata necessariamente de duas pessoas falando ao mesmo tempo, porém o caso clássico que acredito ser o mais comum onde o outro só está esperando sua vez de falar e não necessariamente ouvindo o que está sendo dito.

Falar antes, falar demais ou pressupor o que o outro vai falar é desvantagem na certa (no caso do falar antes, nem sempre). Aqui, o melhor é ser um bom espectador antes de ser interlocutor. É na fala do outro que devem ser buscadas as preocupações, as recomendações e as expectativas. A partir daí, você pondera e contrapõe quase uma negociação. O problema é que numa conversa, quase sempre um quer falar e o outro quer falar ou no máximo aceita esperar o outro acabar de falar, o que não significa escutar.

Já entendeu onde isso vai dar? A comunicação para ser assertiva me lembra a comparação que Rubem Alves faz a respeito de relacionamento, fazendo uma comparação ao jogo de tênis e frescobol. Abaixo um recorte.

“O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada – palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui, ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre.”

A comunicação assertiva é como um jogo de frescobol. Vamos exercitá-la!

Denise Coelho

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