quarta-feira, 12 de março de 2014

Parecidos, mas não iguais

O vocabulário aplicado ao comportamento nas organizações apresenta várias expressões que parecem sinônimas, mas contêm peculiaridades que as diferenciam umas das outras, no máximo pertencendo à mesma família. À primeira vista, uma sutileza semântica. Refletindo melhor, etapas de um ciclo.

No âmbito da gestão participativa, em especial, expressões como participação, envolvimento, engajamento e alinhamento confundem-se frequentemente conforme as situações ou os propósitos com que são utilizadas.

No primeiro caso, a participação deve ser entendida como processos disponibilizados pela organização, como a tomada de decisões, delegação, definição de objetivos, planejamento e trabalho em equipe que levam as pessoas  a ativar suas competências para contribuir mais intensamente no alcance de objetivos.

No entanto, a participação, embora seja um estilo moderno de gestão, é apenas o primeiro passo para o aprimoramento da relação entre os profissionaise a organização, tanto no sentido produtivo quanto emocional. Liderança participativa, por exemplo, é fundamental para que outros processos tenham sucesso. Se esse primeiro passo não for resolvido, os demais perderão em significado.

O estágio seguinte ao de participação é o envolvimento.  Através dele, os profissionais praticam, em diferentes níveis, decisões e operações e sugestões sobre seu trabalho, sendo que tal exercício dá-lhes um senso de pertencimento por estarem numa organização que os acolhe. Há um clima favorável. É o momento em que os profissionais assumem maior controle sobre sua performance, como parte de um todo. Apresenta, portanto, aspectos processualistas e motivacionais.

Participação e envolvimento são, portanto, passos de uma estratégia de gestão de pessoas orientada para maximizar potenciais humanos e resultados, especialmente do ponto de vista cultural.

A partir daí estabelecem-se as condições para a viabilização do engajamento. Trata-se de uma fase em que os profissionais sentem-se intelectual e emocionalmente incorporados a diversas conexões com a organização, como seu trabalho específico e as equipes às quais pertencem,com vistas a seu permanente desenvolvimento e ao tipo de realização que os convencem a imprimir esforço adicional ao simplesmente descrito para suas funções. Empenhar-se, fazer melhor a tarefa, conviver produtivamente, crescer e saber que isso é valorizado em sua organização são as expressões mais nítidas do engajamento.

Vencidos os três primeiros desafios, é possível atingir aquilo que os principais executivos demandam em seus discursos sobre pessoas: o alinhamento. Através dele integram-se os propósitos e os resultados. É o coroamento de todo um processo evolutivo e cumulativo de participação, envolvimento e engajamento, já que se manifesta quando o contrato entre expectativas e motivações profissionais encontra seu curso no leito das estratégias, práticas, resultados e razão de ser da organização. É também a expressão do compartilhamento de visão, missão e valores no dia a dia, onde recompensas e reconhecimentos ilustram a qualidade e o significado do modelo.

Como parte do ciclo das virtudes organizacionais, os quatro estágios se entrelaçam, alimentando-se uns dos outros. Não há como alinhar sem dar espaço aos aspectos estruturais, como as práticas participativas que, por sua vez, só funcionam se houver o envolvimento das pessoas que as levam a se engajar à tarefa e às demais circunstâncias que a envolvem, chegando a um ponto final de comprometimento produtivo com o todo.

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