sexta-feira, 3 de julho de 2015

Mirando no alvo errado

Reter talentos não é tarefa fácil. Aliás, fácil ela nunca foi. Mas já tem um tempo que este desafio parece ainda mais difícil de ser vencido.

Dizem que os jovens de hoje em dia não se comprometem com a empresa por estarem mais preocupados com a própria carreira. “Que egoístas!” Os jovens que foram às ruas contra o aumento da tarifa de ônibus? Os voluntários do Teto? Afinal, era só pelos 20 centavos? Ou eles não são tão egoístas assim?

Alegar que a culpa da crise de gestão corporativa nasce de uma certa displicência da juventude é mirar no alvo errado. Mas nem tão errado assim.
Não há displicência, mas o que ocorre é que a cultura que tem emergido nos últimos tempos é que está no epicentro deste terremoto. A cibercultura está por trás de comportamentos mais impulsivos, do desejo de ter as alegrias da vida agora e não daqui a um ano, de precisar estar sempre em movimento e jamais parar de aprender, de sentir que está crescendo.

Se do alto de nossas longas carreiras apontamos para a juventude como origem da crise, podemos acabar esquecendo que parte da responsabilidade está conosco. Somos gestores de longa data. É nosso papel mapear as habilidades e expectativas da nossa equipe, construindo um plano de desenvolvimento tanto do grupo quanto de cada indivíduo.

Desenvolver pessoas é algo que demanda tempo e muita dedicação mas, para aqueles que estão acostumados com processos rígidos, infelizmente não há como automatizar ou padronizar a educação e o desenvolvimento de sua equipe. 

Para que os gestores sejam bem sucedidos, precisam manter contato constante com as equipes, evitando passar o dia inteiro em reuniões ou atividades externas. Elas ajudam a resolver assuntos burocráticos ou tomar decisões de negócios, mas também podem afastar o gestor de seu time por um período extremamente longo.

Além disso, é preciso aproveitar os momentos de relacionamento e interação para aprender ainda mais sobre os desafios e conquistas atuais pelas quais sua equipe está passando. Lembrando que ao fomentar o engajamento do time, é preciso avaliar o que busca cada profissional. Isso fica claro quando o gestor tentar motivar seu time com um bônus quando parte da equipe adoraria receber mais oportunidades de treinamento, ou mesmo, ao invés de um aumento imediato, há quem prefira ser reconhecido com um projeto desafiador que pode comprovar seu valor e seus diferenciais para a companhia.

Oferecer estímulos e reconhecimentos desalinhados com a expectativa de sua equipe pode acabar comunicando que o que é importante para cada profissional não está refletido nos valores práticos da companhia.
Há quem prefira aventura e os que preferem rotina. Sem ter clareza dos objetivos de cada colaborador, podemos expulsá-los de nossos times com as melhores das intenções.

E, acima de tudo, não tenha vergonha ou medo de incluir seus colegas de trabalho na tomada de decisão sobre quais desafios serão liderados pelo seu time, e permita ao grupo manifestar quem pode ajudá-lo a seguir os melhores caminhos para o sucesso.
Mauricio Felício

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