sábado, 1 de fevereiro de 2014

No topo é mais caro

De acordo com a pesquisa da  Mercer, um dos maiores desafios para as empresas atuando no Brasil, especialmente as multinacionais, está na valorização do real perante o dólar. Em média, o salário do brasileiro cresceu 52% nos últimos cinco anos, mas está 136% mais caro. "A variação do câmbio explica essa diferença. Por isso, além de os produtos brasileiros sofrerem para competir no mercado internacional, as empresas também sofreram com os salários impactados pela valorização do real", explica Andrea Sotnik, consultora da Mercer.
Mais desafios
A pesquisa mostra, ainda, que a entrada de estrangeiros, a volta de profissionais experientes que estavam aposentados e as promoções rápidas de pessoas mais jovens ("juniorização") para aumentar retenção são ações cada vez mais populares no país como forma de dar uma resposta à falta de mão de obra. Mas mesmo assim eles trazem desafios. O levantamento revela, também, que, em média, o custo de vida no Brasil é o mais alto na América Latina - ainda assim, o país paga os maiores salários na região: 25% a mais em média do que o Chile, o segundo colocado. "Por mais que o custo de vida aqui seja alto, mesmo se comparado com Nova York, o salário, a remuneração variável e o pacote de benefícios compensam para os profissionais estrangeiros", disse Andrea Sotnik, consultora da Mercer.
Já o fenômeno da "juniorização" está, na prática, significando uma redução da folha salarial nas empresas. A pressa por conseguir um cargo mais alto, normalmente associada com os profissionais da geração X e Y, não está sendo acompanhada nas empresas por um aumento salarial equivalente. Por exemplo, um diretor baby-boomer, nascido entre 1946 e 1964, ganha cerca de 37 mil reais no Brasil, valor que cai para 32 mil para um profissional de cargo equivalente da geração X (de 1965 a 1977) e despenca para 28 mil para um da geração Y (de 1978 a 1999). A mesma queda vertiginosa acontece em cargos mais baixos. Um gerente baby-boomer ganha cerca de 13 mil reais, contra 12 mil do X e 10 mil do Y.
"Está claro que as empresas não estão compensando os X e Y como faz com os mais experientes. Se essa tendência continuar a se espalhar, podemos ver no futuro uma reformulação do que se espera de cada cargo", afirma Renata Herrera, consultora da Mercer.
Nacionais pagam mais 
Outra análise da pesquisa da Mercer aponta que as grandes empresas nacionais pagam mais - e muito - para os executivos top. Para o cargo de presidente, as brasileiras desembolsam em média 40% a mais do que o total do mercado; enquanto um presidente em multinacional recebe 3% a menos. A mesma tendência se confirma com os vice-presidentes e diretores: as nacionais pagam 4% a mais do que o mercado enquanto as multinacionais pagam 1% a menos do que a média. Vale notar que quando são analisados apenas os supervisores, coordenadores e profissionais em geral, a tendência se inverte completamente. As multinacionais pagam 2% a mais do que a média de mercado para os supervisores e coordenadores, além de 6% para profissionais em geral.
Já nas nacionais os valores são bem menores: 9% a menos do que a média para supervisores e coordenadores, além de impressionantes 26% a menos para profissionais em geral. "Na ponta de cima, o que acontece é que as nacionais tendem a comprar a liderança pronta - e pronto é sempre mais caro", explica Andrea Stonik, consultora da Mercer.

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