Se eles fossem bons, seriam vendidos e não dados. O dito
popular sobre os conselhos nem sempre se aplica no mundo corporativo - ou não,
vai depender da natureza do contrato, brincam alguns. Ter quem nos ajude no
início da carreira, orientando, corrigindo rotas ou simplesmente incentivando o
passo seguinte na caminhada profissional é muito importante.
Perguntamos a alguns executivos qual foi o melhor conselho
que receberam em suas carreiras. Vejam:
Intensidade e paixão
Fernando Simões, presidente da JSL, disse-me, em 1999, algo
decisivo para minha carreira: "Faça tudo com intensidade e paixão. Não
perca o foco em nenhum momento. Dê o seu melhor, dê tudo o que tem e lute para
conquistar o que deseja com bravura. Mas caso não atinja o objetivo, veja se
tem algo a aprender, e aprenda. Após isso, não perca um momento sequer
reclamando ou tentando viver o passado. Olhe para a frente e busque outro
desafio". Parece simples, mas é complexo e verdadeiro. Depois de um tempo,
quando incorporei esse ensinamento ao meu dia a dia, ele passou também a ser a
forma como vejo a vida. Quando você se envolve, busca os melhores recursos e
faz um trabalho próximo à perfeição, sua chance de vencer é enorme. Mas caso
isso não aconteça, talvez não seja a hora ou o melhor naquele momento e, nesses
casos, reclamar fica sem sentido, não leva a lugar algum. O caminho, então, é
reunir o aprendizado e seguir em frente, mais bem preparada e, quem sabe, o
ganho seja ainda melhor no futuro.
Irecê Rodrigues, diretora de assuntos corporativos da
operadora logística JSL
Saber o que abandonar
Nossa carreira é uma extensão de nossa vida. Para a
longevidade profissional, é preciso estarmos alinhados com o que somos,
pensamos e queremos. Por mais modernas e tecnológicas que sejam as empresas, o
ser humano é fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento. Pessoas
certas, na hora certa e no local certo! Todos nós somos frutos do meio em que
vivemos e ao mesmo tempo o influenciamos; assim, é comum que em nossas vidas
surjam pessoas e histórias que muito nos auxiliam. Nossos mestres são
essenciais em nossa formação. Nesses 18 anos de carreira, dos quais atuei
praticamente na área de TI, algumas
experiências foram importantes.
Quando fui contratado, eu não possuía know-how na área de TI
nem tampouco em vendas, entretanto, fui designado para uma função que exigia as
duas habilidades. A diretora que me convidou vislumbrou meu potencial. No
início, como tudo era novidade e extremamente desafiador, a impressão é que eu
nunca conseguiria evoluir de acordo com as expectativas. Após quatro meses sem
observar os resultados que eu esperava, pedi demissão. A diretora negou e,
novamente, me apoiou, fazendo uma avaliação de aspectos positivos e negativos
no meu trabalho. Como novato, planejei minha rota de estudos e experiências que
deveria adquirir para me tornar apto. Eu as cumpri. Desde então, faço cursos
que complementam meu trabalho.
Luciano Silveira, diretor da Unidade Goiânia da Sankhya
Gestão de Negócios
A razão das coisas
Aos 14 anos, trabalhei em um estúdio de arte de uma revista
em Rondônia e meu chefe era um artista colombiano. Na época, não existiam
computadores, então, tudo era feito à mão, com réguas, esquadros e nanquim.
Normalmente, os trabalhos demoravam a sair, principalmente porque meu chefe
acreditava que tudo tinha de ter um sentido profundo. Ele me dava um livro de
300 páginas que explicava a personalidade das cores, outro de formas, fontes e
assim por diante. E antes que eu pudesse colocar qualquer coisa no papel, eu
tinha de explicar a ele qual a razão, inclusive psicológica, de cada uma das
coisas que eu queria usar e o que eu queria transmitir ao outro. Depois disso,
nunca mais consegui fazer algo sem pensar profundamente no assunto. Meus
trabalhos ganharam consistência e, com isso, ganhei respeito profissional.
Hoje, ensino as pessoas a pensarem antes de fazer nos cursos de design de
apresentação.
Joyce Baena, sócia-diretora da La Gracia.
Ouvir as pessoas
Meu grande conselheiro sempre foi meu pai, que, com toda sua
simplicidade, me ensinou a ouvir sempre as pessoas que me cercam e a colocar o
coração em tudo o que faço. Sempre, em minha vida, várias pessoas me ajudaram
muito e me apoiaram. Hoje, depois de 40 anos de carreira, o meu grande papel é
valorizar a equipe, treinar pessoas para que estejam preparadas para os grandes
desafios. Aprendi a ter paixão em fazer com que as pessoas se desenvolvam.
Somos testados diariamente, portanto é fundamental buscar
sempre a atualização e a capacitação para contribuir efetivamente para o
aperfeiçoamento do trabalho. Aprendi ainda a importância do equilíbrio entre o
lado físico, psíquico e social.
Paulo Basseti, diretor executivo da Unidade de Negócios
Florestais da Suzano Papel e Celulose
Fazer o certo
O maior aprendizado que tive e que tem me ajudado em toda a
minha carreira foi fazer sempre o certo. Isso significa nunca acomodar
processos, fazer o correto para a empresa, para as pessoas. Obviamente é algo
mais demorado, porém, é o que possibilita ter mais tranquilidade no dia a dia.
A maioria das pessoas costuma focar no efeito e não na causa. Por exemplo,
quando se constata que uma empresa está tendo um turnover muito grande, em
lugar de achar que contratar mais pessoas para fazer a seleção irá resolver o problema,
é necessário ter uma visão de ir atrás das causas estruturais. Às vezes é um
problema de gestão. É preciso mexer na estrutura salarial, nas políticas de RH
da empresa etc. Fazer o certo é o caminho mais difícil. É muito mais fácil
"colocar o balde embaixo da goteira" do que subir no telhado para
fazer os reparos necessários. Mas a segunda opção é sempre a melhor
alternativa. Esses conselhos e ensinamentos eu aprendi com meu pai, Eduardo
José Machado Quadrado, que fundou a Holomática, em 1993, já com essa
perspectiva.
Eduardo Basile Quadrado é diretor da Holomática.
Nenhum comentário:
Postar um comentário