segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Delegar e delargar

Todo mundo é gestor por natureza. Bem ou mal, todos gerimos nossas vidas e nossas escolhas.  No âmbito profissional não é tão diferente. Porém, gerenciar projetos e pessoas é tarefa árdua.

Em meio a tantas responsabilidades, tantas táticas e tantas ações, perdemos de vista o cerne da nossa atividade, a gestão.

Este assunto sempre me lembra uma propaganda comercial na qual duas pessoas conversam e um mico fica pulando de ombro em ombro.
E-mails, SMS e recados. Pronto. Liguei, mandei um e-mail. O problema não está mais comigo. O mico já está no ombro de outra pessoa.

Quem tem equipe sabe muito bem que gerenciar não é empurrar demandas e urgências. Gerenciar é delegar, de forma planejada, com avaliação, acompanhamento, atenção, suporte.

Temos confundido algumas funções pela névoa glamurosa dos cargos elegantes e dos ternos caros. Líderes, gerentes, diretores. Todos dão suporte à equipe, oferecem o norte, a direção. 

Mas de que adianta ser gestor se não há pensamento estratégico?

Analistas que não analisam, coordenadores que não coordenam e gerentes que não gerenciam. Se o presidente preside e os diretores dirigem, por qual motivo seria diferente com o restante da estrutura corporativa?

Se comparamos as empresas a uma embarcação, teremos uma visão clara deste pensamento.

Qual o futuro de uma nau na qual seu capitão deixa de instruir e seus oficiais abandonam a supervisão para correr atrás de reparos urgentes? Perde-se a unicidade, a coesão. Cada marujo passa a trabalhar no que achar ser mais importante. 

Grosso modo, não é possível separar a prática e análise da coordenação, muito menos a coordenação da gestão, mas o distanciamento do processo, no melhor sentido da palavra, permite ao gestor visualizar o ambiente, o cenário, o contexto.
O exercício é constante. Este distanciamento permite realizar a verdadeira gestão, sem abandonos, sem ‘delargar’ as atividades às equipes. Sem líder qualquer equipe tende à redundância em seus acertos e erros.

Delegar e delargar são, obviamente, coisas diferentes, mas o trabalho que urge afoito a cada dia pode encobrir seus contornos. Com autonomia e gestão, o ato de delegar passa a ser um aprendizado mútuo. Com abandono e indiferença, delargar se torna a sina coletiva do trabalho falível, duvidoso e temerário.

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