Muitos profissionais encontram-se em estágios agudos de
estresse e passam a perder o interesse no próprio trabalho e no relacionamento
interpessoal. Algumas pessoas confundem estresse com cansaço, e passam a
rotular qualquer fadiga com estresse, o nível mais alto é quando o profissional
perde as condições de interagir e foco no trabalho – em alguns casos, os
indícios podem ser a Síndrome de Burnout.
A Síndrome de Burnout também pode ser
chamada de Síndrome de Esgotamento Profissional. Ela é caracterizada por um
conjunto de sinais e sintomas físicos, psíquicos e sociais que são
desencadeados e reforçados pela ausência de satisfação e percepção subjetiva de
sobrecarga presente em profissões em que o contato interpessoal é
intenso.
Segundo a psicóloga Ana Lúcia Silva, do
Serviço de Psicologia do Hospital Israelita Albert Einstein, a característica principal para se constatar a Síndrome é quando
o profissional sente-se sobrecarregado por tarefas simples de sua rotina de
trabalho e apresenta queixas físicas como dores e mal estar, assim como,
queixas emocionais como tristeza, agitação, sentimento de incapacidade. “Também
é comum o isolamento social, mas uma característica marcante é um ‘quê’ de ironia,
sarcasmo e descrença no trato com colegas e usuários do serviço em que
trabalham”, explica a psicóloga.
A causa mais comum para este tipo de
manifestação é a falta de equilíbrio entre o profissional e o pessoal. Para Adriana de Araújo, psicóloga e idealizadora da
consultoria Desenvolvimento de Excelência, a causa vem do
excesso de horas de trabalho, falta de tempo para outras áreas da vida,
desorganização pessoal, falta de conhecimento dos próprios limites, dificuldade
em negar uma demanda de trabalho, e incapacidade de perceber as consequências
das ações em desarmonia antes que essas se tornem problemas maiores. “Pessoas com
a Síndrome normalmente sente-se injustiçadas e pouco valorizadas no que fizeram
profissionalmente. De fato, fazem além da conta e nem sempre a empresa percebe
ou pode ser conivente com esse tipo de ação. É comum perceber que são pessoas
muito responsáveis, dedicadas e antes apaixonadas pelo que faziam”, ressalta
Adriana.
Ainda segundo Ana Lúcia, um dos aspectos
que parecem ser determinantes para desencadear a Síndrome de Burnout é a
realização profissional. “Profissionais que experimentam muita frustração em
relação ao desempenho de suas tarefas ou tem alto grau de expectativa quanto a
gratificação, seja financeira ou não, são mais suscetíveis à doença”, enfatiza
a psicóloga.
Burnout : Tratamento e o apoio da organização
O tratamento sintomático das queixas
físicas e a psicoterapia para tratar as questões e conflitos emocionais são
essenciais no início do quadro. “ Vale lembrar que esta é uma doença
incapacitante e quando instalada exige que o profissional seja deslocado de sua
função”, destaca Ana Lúcia.
Para Adriana, a busca pelo
autoconhecimento deve ser diária, assim como, aprender a se comunicar com
outros de forma saudável. “As empresas devem contribuir com o bom senso,
existem resultados inatingíveis, metas inviáveis sem perceber que ao invés de
motivar com esse tipo de comportamento destroem a autoestima do funcionário e
massacram sua mente”, realça a psicóloga.
“A pessoa precisa encontrar sua motivação
pessoal para desempenhar suas atividades e reconhecer suas angustias frente aos
conflitos de seu exercício profissional. Fazer escolhas e assumir a
responsabilidade pelo gerenciamento da própria carreira é essencial”, aborda
Ana Lúcia.
Cada vez mais as empresas têm oferecido benefícios que favorecem a qualidade de vida e
estimulam o engajamento de seus funcionários em ações sociais. Este tipo de
programa auxilia a pessoa a obter outras fontes de satisfação que não só a
atividade profissional. “Os planos de carreira que permitem que ao longo do
tempo os profissionais passem a desenvolver atividades diferenciadas, também
são um exemplo de ação protetora contra a Síndrome de Burnout”, finaliza Ana
Lúcia.
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