Com o surgimento de tantas
mídias e de tantas formas de se relacionar, não só as pessoas, mas as empresas
também estão caminhando em um campo desconhecido. Os valores mudaram. Mudaram
as pessoas. Mudou a sociedade.
Mesmo que não pareça tão profundo, este é um período crucial no qual as antigas
estruturas de hierarquia e de comando já não são suficientes para gerir a nova
força de trabalho. Tanto quanto não é possível aplicar as idéias juvenis a
todos das corporações sem desrespeitar aquelas pessoas que participam da
história da organização há décadas.
Os reflexos destas transformações podem ser vistos em questões corriqueiras
como reconhecimento, delegação, tutoria, envolvimento e interesse.
Não é preciso ir muito longe para esclarecer esta questão. Reflita. No processo
evolutivo o homem desenvolveu a habilidade da fala e do reconhecimento de
padrões. Ao unir comunicação e padronização, caímos, grosso modo, em
estereótipos. Uma forma de simplificar e classificar as coisas, deixando nossa
mente livre para avaliar questões mais relevantes como a nossa segurança em um
ambiente hostil.
Enquanto algumas pessoas assumem uma postura ativa neste período de convivência
e convergência de culturas, outros tantos se tornam irredutivelmente reativos.
Há empresas que alegam dificuldades em encontrar novos funcionários que estejam
interessados e que sejam comprometidos com metas ou com projetos de longo
prazo. Por outro lado, os novatos no mercado se queixam de falta de visão
sócio-midiática das empresas, que se focam no capital e, por vezes, perdem a
mão no trato e no relacionamento.
Estas pessoas, com seus vinte e poucos anos, já são parte de uma mão de obra
acelerada, atenta a fluxos de informação participativa, desejosos de interação
e de velocidade. Por isso, fazem parte do que hoje se diz ser a tal Geração Y,
tida por alguns como desatenta, rasa e desinteressada.
Na verdade, este pode ser um dos reflexos da cultura cibernética da
instantaneidade, mas não é, de modo algum, algo que deva servir de rótulo para
todos. Esta é uma geração que se conecta a uma quantidade considerável de
dados, cria infográficos, produz vídeos e participa de debates pelo simples ato
de ser parte.
Estes os jovens estão trazendo à tona uma cultura de alta performance. Don
Tapscott, autor de livros como Wikinomics e Growing
up Digital, faz uma ressalva que temos que ouvir atentamente. “Para
vencer a batalha por talentos, as organizações precisam repensar muitos
aspectos sobre como estão recrutando, recompensando, desenvolvendo, colaborando
com, e supervisionando seus talentos”¹. Por estes motivos que ele afirma que a
própria idéia de gestão está mudando.
Não é uma questão de qual das gerações tem a melhor cultura. O importante é
extrair o melhor da relação entre chefes e subordinados, entre a geração X e a
geração Y.
Mas já não basta ser competente. É necessário ir além e conquistar a eficiência
mútua. Em tempos onde a velocidade da informação suplanta a passos largos o que
se projetava no passado, não podemos nos dar ao luxo de ter sermos competentes
em nossas funções mas comunicarmos isso de modo falho.
Ser competente, tanto para os Xs quanto para os Ys é mandatório, mas parecer
competente é tão importante quanto, pois faz parte do binômio que sustenta a
credibilidade/reputação.
E isso se expande para além dos muros da empresa.
É necessário conhecer e compreender melhor esta cultura emergente. E conhecer
de fato, pois não basta selecionar o melhor talento entre a nova geração e não
saber como fazê-lo entregar bons trabalhos e bons resultados.
Enquanto a miopia corporativa for mantida e a juventude for encarada apenas
como corpo operacional de baixo custo, as empresas se tornarão mais obsoletas.
E se nada for feito, o indício é que conquistemos o exílio mercadológico.
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