quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Prontos para o jogo?

Especialistas falam sobre a utilidade do business game

O que acontece quando as pessoas se deparam com uma escada comum ao lado de uma escada rolante? Qual será a escolha? No metrô de Estocolmo, na Suécia, 66% dos usuários preferem a escada convencional. Isso não é porque os suecos são mais conscientes e saudáveis. Tudo começou com a ação de uma agência de publicidade que, em parceria com uma montadora de veículos, transformou as escadas do metrô em um piano, que emitia sons conforme os usuários pisassem no chão. As pessoas fizeram música com os próprios pés e, apenas por vivenciarem uma experiência diferente, passaram a se exercitar um pouco mais.
Esse é somente um exemplo de como a gamification entrou em nossas vidas, tornando muito mais divertidas tarefas antes consideradas chatas, entediantes e até cansativas. Cada vez mais as empresas estão usando esta tendência para motivar, educar e gerar novas ideias e conceitos entre seus colaboradores. Vale, IBM, Siemens e Dell são alguns exemplos.
Mas afinal, o que é gamification? Para responder a esse questionamento, é preciso primeiro analisar o que é um jogo. Para o designer e desenvolvedor de software doGames Research Lab da Universidade de Columbia, Josh Knowles, “jogos são motores de engajamento”. Segundo ele, desenhar um jogo é pegar alguma coisa – algo básico, divertido e interativo – e cuidadosamente aplicar regras para ajudar os jogadores a maximizar a diversão e/ou a satisfação que eles têm com a interação.
Para Aaron Dignan, autor do livro Game Frame, um jogo é um tipo de ambiente de aprendizagem estruturado. Nele, nós aprendemos o tempo todo, tanto novas habilidades como novas informações. Já o especialista em jogos e educação, James Paul Gee, defende que, para os humanos, a aprendizagem real está sempre associada ao prazer. Jogar não é uma maneira de aprendizagem divertida. Jogar é aprender!
Os jogos modernos são imersivos e engajadores. Eles provêm aquilo que as pessoas desejam, isto é, um conjunto crescente de desafios, feedback para o progresso e a emoção da vitória. E são esses elementos que vão constituir a gamification, descrita pelo professor de tecnologia instrucional da Universidade de Bloomsburg, Pensilvânia, e autor do livro The Gamification of Learning and Instruction, Karl M. Kapp, como “o uso de mecanismos baseados em jogos, estética e game thinking para engajar as pessoas, motivar a ação, promover aprendizado e solucionar problemas”.
Uma das principais características que atrai o interesse dos jogadores é a determinação de um propósito. Embora os jogos mais tradicionais promovam a vitória como único objetivo, os jogos interativos tendem a promover objetivos mais complexos que exploram o desejo de ser herói. Outros atributos que encantam as pessoas são o controle, a possibilidade de poder acontecer em qualquer lugar, a demonstração do progresso, os riscos assumidos, a glória das vitórias e a possibilidade de interagir com outras pessoas.
A Vale é uma das empresas que já utiliza o business game. Um simulador é a ferramenta central para o jogo, que conta também com vídeos de noticiários, jornais e boletins internos da companhia. O objetivo é retratar o cotidiano da organização, com influências externas e internas, como pressão do tempo e do mercado. Ao longo da atividade, os participantes são levados a tomar decisões e, na etapa final, os resultados são apresentados, mostrando o reflexo de uma decisão para a empresa e até mesmo para a vida dos colaboradores.
A Vivo também já aposta nesta tendência e criou um programa inovador com 10 modalidades de jogos, que desenvolvem seus colaboradores em competências como tecnologias, produtos, serviços e vendas. O engajamento e a reação dos profissionais vêm mostrando que o investimento da companhia foi uma decisão arrojada, mas compensadora.
Assim, está posto o desafio para empresas, instituições de ensino, organizações públicas e privadas pensarem em experiências diárias que possam se converter em atividades que contenham os elementos de gamification mais adequados ao seu cenário, encontrando um equilíbrio para que se tornem divertidas. Afinal, como diz Dale Carnegie, autor do bestseller How to Win Friends and Influence People, “pessoas raramente têm sucesso em alguma coisa se elas não se divertirem com o que elas estão fazendo”.

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