Para todos os lugares onde olhamos as estruturas
tradicionais estão descobrindo que as velhas fórmulas não mais funcionam.
Mercados tradicionais, indústrias e fontes de emprego desaparecem sob o impacto
de novas tecnologias de informação e de uma economia mundial em total
reestruturação.
Aqueles que estão conseguindo reter seus empregos buscam
novos caminhos para gerenciar em organizações descentralizadas onde a
capacidade de fluir com as mudanças é um requerimento chave.
Mas, como encontrá-los? Como as pessoas podem desenvolver
formas de pensamento e estilos gerenciais mais adequados à nova realidade? Em
tempos anteriores de maior estabilidade o típico organograma de uma empresa foi
eficaz. Mas em tempos de mudanças tão rápidas, tal modelo enfrenta problemas
porque não é ágil para se ajustar aos novos desafios. O desafio agora é baseado
em Imaginação e Ação. Para inserir no processo organizacional um espírito de
imaginação que leve a empresa além das caixas funcionais burocráticas, é
necessário o uso de imagens e idéias que criem novos entendimentos, novas
formas de organização. Algo que forneça detonadores para o potencial criativo,
e levem a inovações. Através desta criatividade será possível repensar as
regras e as abordagens para desenhar, planejar e administrar mudanças.
Organizações não são máquinas. Por não atender as
necessidades e os interesses de todos neste contexto normalmente ocorrem
grandes embates organizacionais, com disputas e com pessoas em estado de apatia
agindo dentro de um elaborado jogo burocrático de pouca essência.
Vamos imaginar a situação onde um porco está sendo observado
por um lobo, um fazendeiro, um veterinário e uma criança. Quais seriam seus
primeiros pensamentos em relação a ele? Para o lobo representa comida; para o
fazendeiro representa valor comercial; para o veterinário a preocupação com sua
saúde e para a criança talvez a lembrança da estória dos “três porquinhos”. O
preciso significado varia de acordo com o quadro de referência através do qual
é visto.
Nossas limitadas formas organizacionais filtram e bloqueiam
as diferentes dimensões possíveis. Por outro lado imagens, definições e quadros
de referência podem agir como lentes diferentes, permitindo-nos ver o que os
outros não conseguem, ou mudando a metáfora, eles agem como radar
habilitando-nos a absorver as mensagens significativas a partir de uma situação
que de outra forma escaparia de nossa atenção.
Considere por exemplo como charts e diagramas tendem a
dominar o pensamento a respeito do desenho organizacional. Podem ser
ferramentas úteis, mas também podem ser limitadores, pois levam a pensar que
através de seu redesenho, resultados podem ser produzidos e mudanças podem
ocorrer.
Já imaginaram em tentar desenhar ou gerenciar uma
organização holograficamente? O holograma é uma das maravilhas da tecnologia a
laser. Exemplos comuns são encontrados nas imagens brilhantes dos cartões de
crédito, nas capas de revistas, que mudam de cor e forma quando vistas de
diferentes ângulos. Alguns mais sofisticados causam a impressão de mudança e
movimento.
Estas imagens holográficas são criadas de tal forma que a
informação relativa à imagem completa, está contida em cada parte e no todo.
Qualquer das partes pode ser usada para recriar uma aproximação do todo. Parece
paradoxal especialmente no contexto organizacional, onde a lógica tradicional é
construir as partes quebrando o todo.
Utilizando os dois contextos, o holográfico e o mecanicista,
talvez possamos pensar em como criar e gerenciar organizações descentralizadas,
porque as pessoas têm a capacidade de reproduzir o caráter e o estilo de sua
organização, natural e espontaneamente. Organizações voltadas ao aprendizado
podem explorar possibilidades de criar novos capítulos na história da
administração.
Incerteza, questionamento, instabilidade, risco, crise,
desafio. Esta parece ser a situação onde a inovação é mais que mandatória e
onde os sistemas de entendimento compartilhado precisam ser incentivados.
Devemos criar visões que convidem ao contínuo questionamento, abrindo a
organização para novas idéias e desenvolvendo práticas apropriadas para este
desafio.
O mundo baseado em Newton transforma-se em um mundo baseado
em Einstein. Olhando sob o ponto de vista de Einstein, a realidade é difusa,
abstrata e relativa, não tem valor absoluto, é isto sim válida num contexto. Em
essência as imagens nos convidam a imaginar novos rumos. Agregando as relações
centrais entre imagens, situações e comportamentos onde nos engajamos,
poderemos fluir nossa imaginação.
O poder de uma idéia pode ser ilustrado pela história real
vivida por um grupo de pessoas perdidas durante uma tempestade de neve nos
Alpes Suíços. Após muito esgotamento e a quase total perda de esperança, uma
das pessoas do grupo localizou um pedaço de mapa. Mobilizados com as novas
possibilidades, eles encontraram energia e conseguiram escapar retornando para
a civilização. Imaginem qual não foi a surpresa do grupo quando descobriram que
usaram o mapa dos Montes Pirineus e não dos Alpes Suíços.
Isto mostra como uma nova imagem e um novo entendimento de
uma situação podem criar espaço para novas iniciativas e ações. Sem o mapa
talvez o grupo tivesse morrido. Mas não era o mapa e sim a imagem que eles
possuíam de um mapa que os capacitou a uma iniciativa de auto-organização.
Então, imagens em ação, nos convida a um novo modo de pensar. Devemos
desenvolver “habilidades” que acredito todos possuímos, de tal forma a rever
nossas realidades, nossos quadros de referência, alterando o seu foco e agindo
baseado em intuições.
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