quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Imagens em ação

Para todos os lugares onde olhamos as estruturas tradicionais estão descobrindo que as velhas fórmulas não mais funcionam. Mercados tradicionais, indústrias e fontes de emprego desaparecem sob o impacto de novas tecnologias de informação e de uma economia mundial em total reestruturação.
Aqueles que estão conseguindo reter seus empregos buscam novos caminhos para gerenciar em organizações descentralizadas onde a capacidade de fluir com as mudanças é um requerimento chave.

Mas, como encontrá-los? Como as pessoas podem desenvolver formas de pensamento e estilos gerenciais mais adequados à nova realidade? Em tempos anteriores de maior estabilidade o típico organograma de uma empresa foi eficaz. Mas em tempos de mudanças tão rápidas, tal modelo enfrenta problemas porque não é ágil para se ajustar aos novos desafios. O desafio agora é baseado em Imaginação e Ação. Para inserir no processo organizacional um espírito de imaginação que leve a empresa além das caixas funcionais burocráticas, é necessário o uso de imagens e idéias que criem novos entendimentos, novas formas de organização. Algo que forneça detonadores para o potencial criativo, e levem a inovações. Através desta criatividade será possível repensar as regras e as abordagens para desenhar, planejar e administrar mudanças.

Organizações não são máquinas. Por não atender as necessidades e os interesses de todos neste contexto normalmente ocorrem grandes embates organizacionais, com disputas e com pessoas em estado de apatia agindo dentro de um elaborado jogo burocrático de pouca essência.

Vamos imaginar a situação onde um porco está sendo observado por um lobo, um fazendeiro, um veterinário e uma criança. Quais seriam seus primeiros pensamentos em relação a ele? Para o lobo representa comida; para o fazendeiro representa valor comercial; para o veterinário a preocupação com sua saúde e para a criança talvez a lembrança da estória dos “três porquinhos”. O preciso significado varia de acordo com o quadro de referência através do qual é visto.

Nossas limitadas formas organizacionais filtram e bloqueiam as diferentes dimensões possíveis. Por outro lado imagens, definições e quadros de referência podem agir como lentes diferentes, permitindo-nos ver o que os outros não conseguem, ou mudando a metáfora, eles agem como radar habilitando-nos a absorver as mensagens significativas a partir de uma situação que de outra forma escaparia de nossa atenção.

Considere por exemplo como charts e diagramas tendem a dominar o pensamento a respeito do desenho organizacional. Podem ser ferramentas úteis, mas também podem ser limitadores, pois levam a pensar que através de seu redesenho, resultados podem ser produzidos e mudanças podem ocorrer.

Já imaginaram em tentar desenhar ou gerenciar uma organização holograficamente? O holograma é uma das maravilhas da tecnologia a laser. Exemplos comuns são encontrados nas imagens brilhantes dos cartões de crédito, nas capas de revistas, que mudam de cor e forma quando vistas de diferentes ângulos. Alguns mais sofisticados causam a impressão de mudança e movimento.

Estas imagens holográficas são criadas de tal forma que a informação relativa à imagem completa, está contida em cada parte e no todo. Qualquer das partes pode ser usada para recriar uma aproximação do todo. Parece paradoxal especialmente no contexto organizacional, onde a lógica tradicional é construir as partes quebrando o todo.

Utilizando os dois contextos, o holográfico e o mecanicista, talvez possamos pensar em como criar e gerenciar organizações descentralizadas, porque as pessoas têm a capacidade de reproduzir o caráter e o estilo de sua organização, natural e espontaneamente. Organizações voltadas ao aprendizado podem explorar possibilidades de criar novos capítulos na história da administração.

Incerteza, questionamento, instabilidade, risco, crise, desafio. Esta parece ser a situação onde a inovação é mais que mandatória e onde os sistemas de entendimento compartilhado precisam ser incentivados. Devemos criar visões que convidem ao contínuo questionamento, abrindo a organização para novas idéias e desenvolvendo práticas apropriadas para este desafio.

O mundo baseado em Newton transforma-se em um mundo baseado em Einstein. Olhando sob o ponto de vista de Einstein, a realidade é difusa, abstrata e relativa, não tem valor absoluto, é isto sim válida num contexto. Em essência as imagens nos convidam a imaginar novos rumos. Agregando as relações centrais entre imagens, situações e comportamentos onde nos engajamos, poderemos fluir nossa imaginação.

O poder de uma idéia pode ser ilustrado pela história real vivida por um grupo de pessoas perdidas durante uma tempestade de neve nos Alpes Suíços. Após muito esgotamento e a quase total perda de esperança, uma das pessoas do grupo localizou um pedaço de mapa. Mobilizados com as novas possibilidades, eles encontraram energia e conseguiram escapar retornando para a civilização. Imaginem qual não foi a surpresa do grupo quando descobriram que usaram o mapa dos Montes Pirineus e não dos Alpes Suíços.

Isto mostra como uma nova imagem e um novo entendimento de uma situação podem criar espaço para novas iniciativas e ações. Sem o mapa talvez o grupo tivesse morrido. Mas não era o mapa e sim a imagem que eles possuíam de um mapa que os capacitou a uma iniciativa de auto-organização.

Então, imagens em ação,  nos convida a um novo modo de pensar. Devemos desenvolver “habilidades” que acredito todos possuímos, de tal forma a rever nossas realidades, nossos quadros de referência, alterando o seu foco e agindo baseado em intuições.

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