Há alguns anos, o RH vem enfrentando escala crescente de
transformação em seu modelo de atuação e deixou de ser uma área de suporte, em
rumo a uma área estratégica que atua frente à enorme demanda da busca pela
excelência nos resultados do negócio e da Gestão de Pessoas. Essa descoberta
fascinante e desafiadora nos mostra o que é realmente fazer gestão de maneira
integrada, num RH que vai além de cargos, salários, benefícios, seleção e
treinamentos.
Segundo a estimativa da OMS (Organização Mundial de Saúde),
até 2030 o maior índice de pessoas afastadas do posto de trabalho será em
função de desordens psíquicas, em especial a depressão e ansiedade; e não mais
em função de doenças cardiovasculares, como mostram os indicadores de OMS, no
Brasil. A constante busca pela superação dos próprios resultados e o
atendimento da cultura do TER em detrimento da cultura do SER tem levado um
número cada vez maior de profissionais aos consultórios de psicoterapeutas e
psiquiatras.
O fenômeno gera impacto direto na porta de entrada das
organizações (RH) e se tornou pauta de muitas reuniões e revisões de modelos de
atuação, principalmente nas empresas que trabalham com maior nível de
dependência do capital humano. É por esta razão que meu objetivo com este
conteúdo é ajudar você na reflexão da maneira como seu RH tem atuação frente
aos desafios de gerir pessoas e apoiar o processo de transformação de um RH
Mecanicista para um RH Humanizado, com GENTE especializada em cuidar de GENTE!
Pela influência de uma composição cultural, fomos educados e
treinados para usar (ao menos no discurso) a concepção de: "Jamais leve
problemas pessoais para o trabalho"; "Todo profissional precisa saber
separar muito bem as coisas"; "Não importa como você está se
sentindo, faça, afinal, manda quem pode e obedece quem tem juízo".
Será que esses velhos ditados refletem nossa realidade?
Você conhece alguém que diante de uma forte condição
emocional conseguiu separar tão bem as dimensões da vida, como fomos treinados
para fazer?
Será que tal discurso ainda cabe nos dias atuais, se é que
um dia eles realmente funcionaram?
Desde que o homem descobriu sua intenção e sua paixão pelo
domínio da mente percebe-se cada vez mais a necessidade de integrar corpo e
mente; pessoal e profissional; trabalho e lazer; cobrança e reconhecimento;
processo e crença; numa só esfera que chamamos de SER HUMANO e que transita
diariamente dentro das organizações. Ao consultarmos a Teoria do
Desenvolvimento Psíquico, Sigmund Freud já dizia que, há mais de 100, operamos
pelo princípio do prazer/desprazer desde nossa mais tenra idade. Logo, podemos
afirmar que todo adulto é resultado das emoções que aprendeu enquanto criança,
ou seja, todos nós nascemos como uma página em branco e de acordo com os
estímulos fisiológicos primitivos (fome, sede dor etc.), fazemos registros
emocionais no decorrer do desenvolvimento da primeira infância (de zero até 07
anos), momento em que iniciamos o processo da constituição de nossa personalidade
que será refletida na vida adulta através de nossas emoções que são estimuladas
pelos meios em que vivemos como, por exemplo, o ambiente corporativo!
Por esta razão se faz necessário que o RH (re)componha a
visão do colaborador como o ser BIOPSICOSSOCIAL. Lembre-se: mais do que pensar,
seu colaborador sente!
Diante desta fase de transição o RH vai para o divã, visando
entender a proporção e a importância de alimentar este novo modelo de trabalho
que também permite sentir. Fazer a Gestão Emocional da sua equipe compreende
desenvolver a escuta ativa, a sensibilidade, a percepção aguçada e a
receptividade contínua, pois, se o sentir não tem lugar entre papéis,
processos, reuniões e planejamentos, ele aparecerá - de modo ampliado e
subjetivado - em outras dimensões da vida cotidiana do colaborador, podendo
inclusive, revelar sintomas como sudorese, agitação excessiva, sensação de
tristeza ou vazio, sentimento de inutilidade, vontade de abandonar todos os
compromissos, perturbações do sono etc., como forma de representar seu
desconforto emocional.
A explicação científica para este acontecimento vem da
interação das sinapses elétricas e químicas que ocorrem em um bilhão de
neurônios que carregamos em nosso Sistema Nervoso Central e da liberação simultânea
de neurotransmissores (reações bioquímicas) que são constantemente produzidas e
liberadas a cada emoção. É assim que nosso corpo responde aos sintomas de
origem emocional (como também estuda a psicossomática) e aumentam os níveis de
absenteísmo, perda de velocidade no trabalho, afastamentos por depressão e
ansiedade e, consequentemente, queda na produtividade. Então, tente responder:
É mais viável reconhecer que somos feitos para sentir e
gerenciar emoções da sua equipe ou passar metade do mês procurando por um novo
colaborador para substituir uma ausência?
Mais do que desenvolver competências técnicas, o RH está na
Era da Gestão Emocional que inclusive, é responsável pela fixação da memória e
dos processos de aprendizagem. E, não importa quanto conhecimento em RH você
tem, pois ao se deparar com uma condição emocional, seja somente um SER HUMANO
que também sabe sentir!
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